Forças Armadas de Camarões anunciam a libertação de 300 reféns do Boko Haram

Operação realizada nas fronteiras com Chade e Nigéria neutralizou dezenas de insurgentes e teve também militares mortos

Uma operação conduzida pelas Forças Armadas de Camarões na região das fronteiras com a Nigéria e o Chade levou à libertação de cerca de 300 pessoas que eram mantidas como reféns pelo Boko Haram, grupo extremista islâmico associado à Al-Qaeda. As informações são da rede Voice of America (VOA).

Segundo o governo camaronês, suas tropas realizaram uma grande operação de contraterrorismo que terminou na segunda-feira (13) e permitiu a libertação dos reféns, neutralizando também dezenas de supostos insurgentes.

Os resgatados foram levados a uma base militar no norte do país e aguardam para retornar a suas casas se essa for a vontade deles. Ainda foram apreendidas armas e veículos que eram usados pelos terroristas em seus ataques.

Soldados do exército de Camarões hasteiam a bandeira nacional, março de 2013 (Foto: Flickr)

A operação durou sete dias e contou com cerca de 200 soldados, que passaram, por diversas aldeias onde os extremistas se escondiam e mantinham os reféns. Tropas do Chade e da Nigéria foram enviadas para colaborar com a operação, que também teve dezenas de militares mortos ou feridos.

Segundo uma das vítimas, uma mulher raptada no dia 17 de abril, familiares dela e outras centenas de pessoas de uma aldeia do Chade foram levadas pelo militantes do Boko Haram sob a ameaça de que todos seriam executados se um resgate não fosse pago.

Por que isso importa?

Os terroristas do Boko Haram lutam para criar um califado islâmico no nordeste da Nigéria. A ação já se espalhou para países vizinhos como Camarões, Chade, Níger e Benin, com assassinatos regulares, queima de mesquitas, igrejas, mercados e escolas e ataques a instalações militares.

Ultimamente, porém, o grupo passou a colecionar derrotas. Em junho de 2021, militantes do Boko Haram gravaram um vídeo no qual confirmaram a morte de Abubakar Shekau, seu notório ex-comandante.

Shekau morreu no dia 19 de maio daquele ano, em um confronto com jihadistas do rival ISWAP (Estado Islâmico da Província do Oeste da África) na floresta de Sambisa. “Shekau detonou uma bomba e se matou”, disse um militar nigeriano à época, em áudio ouvido pelo Wall Street Journal.

Formado por dissidentes do Boko Haram, o ISWAP se afastou de Shekau em 2016 e passou a se concentrar em alvos militares e ataques de alto perfil, inclusive trabalhadores humanitários. Depois da morte de Shekau, informações sugerem que houve uma aproximação entre os dois grupos, algo jamais confirmado oficialmente.

A insurgência islâmica na região já matou dezenas de milhares de pessoas, principalmente na Nigéria, e deslocou cerca de três milhões, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

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