Gafanhotos e enchentes ameaçam segurança alimentar por toda a África

Mais de 260 pessoas morreram no continente por causa das chuvas; colheitas são ameaçadas por enxames do inseto

Fortes chuvas e uma praga de gafanhotos-do-deserto ameaçam a segurança alimentar de países na África. A situação piora frente às tempestades que castigam a região desde abril. De acordo com a WMO (Organização Meteorológica Mundial), ao menos 260 pessoas morreram.

Entre os países afetados estão Burundi, Djibuti, República Democrática do Congo, Etiópia, Quênia, Ruanda, Somália e Uganda, além do Iêmen, já no Oriente Médio.

Com as fortes chuvas e a inundação de rios, casas e colheitas foram varridas pela água e pelos deslizamentos de terra. O nível das águas do Lago Vitória, um dos grandes lagos africanos, no centro-leste do continente, é o maior registrados nos últimos 60 anos.

As previsões divulgadas pela WMO na última sexta (8) indicam um que as chuvas devem continuar. A previsão é de tempestades fortes na maior parte da região nesta semana. Há risco de inundação repentina em áreas propensas a enchentes.

A intensidade das chuvas deve diminuir apenas em meados de maio, de acordo com a organização. A precipitação acima do normal é atribuída às temperaturas mais elevadas no Oceano Índico.

Praga de gafanhotos e fortes chuvas ameaçam segurança alimentar no leste da África
Enchente alaga área residencial de Belet Weyne, na Somália (Foto: UN Photo)

Praga de gafanhotos

As condições climáticas úmidas permitiram que a presença de gafanhotos aumentasse e se espalhasse pela região conhecida como o chifre da África, no sudeste do continente.

Nesta segunda (11), o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, afirmou que foram feitos ganhos significativos na luta contra a praga de gafanhotos, mas que ainda é preciso fazer mais para evitar uma crise de segurança alimentar na região.

De acordo com dados da organização, 720 mil toneladas de cerais suficientes para alimentar cinco milhões de pessoas em um ano foram poupadas em dez países após as medidas de prevenção contra os gafanhotos. Outras 350 mil famílias rurais foram auxiliadas.

A FAO aponta ainda que uma segunda onda dos insetos deve aparecer em junho, momento em que muitos agricultores estão se preparando para colher suas safras.

Os gafanhotos-do-deserto são considerados a praga migratória mais destrutiva no mundo. Em um único enxame, a cada quilômetro quadrado, é possível encontrar até 80 milhões de gafanhotos.

Insegurança alimentar

As regiões atingidas pelos enxames sofrem com os impactos de insegurança alimentar. Segundo o relatório global sobre crises alimentares, do WFP (Programa Alimentar Mundial), 25 milhões de pessoas enfrentarão insegurança alimentar aguda na região só neste ano.

Já no Iêmen, mergulhado em grave guerra civil desde 2015, mais de 17 milhões de pessoas sofrem com questões relacionadas a fome. As estimativas, no entanto, não consideram os impactos do novo coronavírus.

“Podemos e devemos proteger pessoas em situação de vulnerabilidade dos impactos de diferentes crises: conflitos, climas extremos, gafanhotos e Covid-19, que ameaça causar uma deterioração ainda mais dramática na segurança alimentar”, aponta Qu Dongyu.

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