Um grupo de cidadãos da Eritreia, país no nordeste da África, entraram com um processo contra a União Europeia nesta quarta (13) para que o financiamento de uma obra que usa trabalho escravo no país. As informações são do jornal norte-americano The New York Times.
O grupo Direitos Humanos para a Eritreia, baseado na Holanda, afirma que a União Europeia conseguiu os recursos para comprar maquinário para a construção de uma rodovia que liga a Eritreia à Etiópia por meio de um processo duvidoso, mal supervisionado.
Um número ainda desconhecido de trabalhadores que opera os maquinários faz trabalho forçado. A União Europeia alega que o financiamento das máquinas torna o trabalho dessas pessoas mais leve.
A União Europeia já gastou cerca de US$ 87 milhões com a obra, com a previsão da injeção de mais US$ 127 milhões. Os valores vieram do chamado Fundo Europeu Emergencial para a África.
O fundo, que é independente do principal orçamento da União Europeia, foi criado em 2015. Seu objetivo é diminuir a migração de africanos para a Europa com o financiamento de projetos geradores de empregos no continente africano.
O parlamento europeu iria discutir a paralisação do investimento, baseado no fato de que não era possível fiscalizar como o dinheiro estava realmente sendo usado.
De acordo com a reportagem, equipes da União Europeia já estiveram no local. Foram escoltados pelas autoridades eritreias, e não tiveram acesso à obra.
Desde sua independência da Etiópia, em maio de 1993, a Eritreia vive uma ditadura velada. O primeiro e único presidente do país é o ex-rebelde Isaias Afewerki.