Inteligência somali revela plano do Al-Shabaab para assassinar líderes nacionais

País vive momento de turbulência que adiou eleições parlamentares agendadas originalmente para novembro de 2021

A Agência Nacional de Segurança e Inteligência (NISA, na sigla em inglês) da Somália diz ter descoberto um plano do grupo extremista islâmico Al-Shabaab, vinculado à Al-Qaeda, para assassinar os dois principais líderes do governo local, o presidente Mohamed Abdullahi Mohamed “Farmajo” e o primeiro-ministro Mohamed Hussein Roble. As informações são da agência Reuters.

Inteligência somali descobre planos para assassinar os líderes nacionais
O presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed, fevereiro de 2017 (Foto: Amisom/ Ilyas Ahmed)

A Somália vive um momento de forte turbulência que levou ao adiamento das eleições parlamentares agendadas originalmente para novembro de 2021. Nesse período, o grupo extremista tem intensificado as ações terroristas, parte de sua missão principal que é destituir o governo central e impor no país sua visão radical da lei Islâmica.

A NISA usou sua conta no Twitter para anunciar a descoberta do plano, sem dar maiores detalhes. “Informamos os principais funcionários do governo sobre um complô pelo qual a máfia Al-Shabaab quer atingir o presidente e o primeiro-ministro. Mohamed Mahir, membro sênior do Al-Shabaab, está conduzindo a trama”.

Em meio aos recentes confrontos entre as forças de segurança e os jihadistas, o governo anunciou em meados de março que cerca de 200 combatentes do Al-Shabaab morreram durante uma operação militar realizada na região central do país.

De acordo com os militares somalis, a operação contou com apoio aéreo das forças armadas dos EUA, que teriam usado um drone para bombardear um reduto de extremistas no vilarejo de Hareri Gubadle, região de Galgaduud, a cerca de 300 quilômetros da capital Mogadíscio.

Por que isso importa?

O Al-Shabbab chegou a controlar a capital Mogadíscio até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana. Atualmente, controla territórios nas áreas rurais da Somália e luta para derrubar o governo nacional.

O grupo concentra seus ataques no sul e no centro do país. As atividades envolvem ataques a órgãos e oficiais do governo e a entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.

Dados apontam que os extremistas estiveram em mais de 400 episódios violentos no país entre julho e setembro do ano passado – o maior número desde 2018.

O confronto, porém, atualmente pende para o lado do exército. O objetivo dos militares é reconquistar territórios vitais para a economia do país, numa ofensiva comandada pelo general Odowaa Yusuf Rageh. Em determinadas missões, ele faz questão de liderar pessoalmente os militares. 

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.

Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.

Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.

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