Jihadistas atacam duas vilas e deixam cerca de 20 mortos no leste da RD Congo

Membros da facção extremista ADF, que se diz associada ao Estado Islâmico (EI), teriam matados civis e incendiado residências

Cerca de 20 pessoas morreram em ataques atribuídos a jihadistas ocorridos entre sexta-feira (5) e sábado (6) em duas vilas no leste da República Democrática do Congo. As informações, divulgadas pela agência Reuters, foram confirmadas por fontes do exército e por um grupo de ajuda humanitária.

De acordo com Christophe Munyanderu, coordenador do grupo local Convenção para o Respeito dos Direitos Humanos (CRDH), os agressores eram membros da facção extremista ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês), que se diz associada ao  Estado Islâmico (EI). Eles teriam matados civis e incendiado residências em Kandoyi e Bandiboli, vilas da província de Ituri.

Jules Ngongo, porta-voz das forças armadas congolesas em Ituri, disse que cerca de 20 pessoas morreram na ação e que o exército havia partido em busca dos insurgentes. Já uma testemunha, parente de uma das vítimas, afirmou que muitos dos mortos tiveram suas gargantas cortadas.

Exército da RD Congo em ação contra terroristas na província de Ituri, fevereiro de 2015 (Foto: Monusco)

Por que isso importa?

A ADF é uma organização paramilitar originária de Uganda acusada de estar por trás de milhares de mortes nos últimos anos. O grupo nasceu em 1995, como oposição ao presidente Yoweri Museveni e atua majoritariamente em áreas remotas. Com o tempo, a facção ultrapassou a fronteira e passou a agir na RD Congo.

A facção foi colocada na lista de sanções financeiras por Washington, classificada como terrorista, e declarou publicamente ser um braço do Estado Islâmico (EI), que por sua vez assumiu a responsabilidade por alguns de seus ataques.

A ADF é acusada de realizar massacres, sequestros e saques, com um número de mortos estimado em milhares. No começo de maio de 2021, o governo congolês decretou lei marcial em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, de modo a estancar a violência atribuída aos rebeldes. Porém, o número de civis mortos só cresceu.

De acordo com dados do projeto Kivu Security Tracker (KST), que monitora a segurança na RD Congo, a ADF foi responsável por 1.050 mortes violentas no país em 2021, um aumento considerável em relação ao ano anterior, quando os dados apontam 599 vítimas dos insurgentes.

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