Jovem responde por homicídio após matar homem que tentou estuprá-la no Zimbábue

Tariro Matutsa usou um pedaço de lenha em chamas para se livrar do estuprador, que morreu no dia seguinte

Uma adolescente de 19 anos foi acusada de homicídio, no Zimbábue, mesmo sob a alegação de que cometeu o crime em legítima defesa, com o único intuito de se livrar de uma tentativa de estupro. As informações são do jornal britânico The Guardian.

Tariro Matutsa alega que estava cozinhando em um fogão a lenha quando foi atacada por Sure Tsuro, que tentou estuprá-la. Para se defender, a jovem pegou um pedaço de lenha em chamas e atingiu o estuprador na cabeça e no tronco. Tsuro conseguiu fugir, mas foi encontrado morto no dia seguinte.

Violência de gênero gera debate no Zimbábue (Foto: Charl Folscher/Unplash)

“Este é mais um exemplo de como as mulheres são vistas como objetos do prazer sexual masculino e devem servir ao bem-estar geral dos homens no Zimbábue”, disse a escritora Tsitsi Dangarembga, cujas obras destacam a luta das mulheres na sociedade patriarcal do Zimbábue. “Mesmo quando uma mulher se defende de um homem cuja intenção é violá-la sexualmente, espera-se que ela coloque o bem-estar dele antes do dela”.

Duas entidades diferentes, Associação de Mulheres Advogadas do Zimbábue e WLSA (Mulheres e Leis na África Austral, da sigla em inglês) ofereceram representação legal a Matutsa. Em nota, alegaram que a jovem “agiu em legítima defesa e não pretendia cometer assassinato”. Ela passou uma semana detida e depois foi libertada sob fiança, mas terá que voltar ao tribunal em 23 de julho.

O caso não é o primeiro a atrair a atenção para a rotina de opressão contra as mulheres no Zimbábue. Em fevereiro de 2016, Benhilda Dandajena, uma empregada doméstica cega, usou uma faca para matar um homem que tentou estuprá-la. Condenada pela Justiça, ela teve que cumprir metade da pena de três anos de detenção que lhe foi imposta.

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