Para tentar frear a alta de óbitos por cólera, o Malaui adiou o início do ano letivo de escolas públicas em Blantyre e Lilongwe, as duas principais cidades do país da África Oriental, anunciou o Ministério da Saúde nesta segunda-feira (2). As informações são da agência Al Jazeera.
São 17.824 casos registrados e 595 mortes de março de 2022 para cá, com taxa de mortalidade aumentando para 3,34%, segundo dados apresentados pelo governo. Entre as vítimas estão médicos que atuam em centros de saúde pública.
O cólera é um problema anual decorrente das enchentes que ocorrem durante os meses chuvosos do Malaui, no período que se estende de novembro a março. A média de mortes por ano pela doença infecciosa intestinal, ligada à água potável contaminada, chega a cem.
Muitas pessoas têm um quadro de sintomas leves, como diarreia. Porém, os casos podem evoluir para óbito em poucas horas na falta de tratamento. O surto atual é provavelmente o pior até agora, dizem as autoridades de saúde.
“Devido ao aumento contínuo de casos de cólera e mortes nas cidades de Blantyre e Lilongwe, as escolas primárias e secundárias nas duas cidades não começarão em 3 de janeiro, conforme recomendado anteriormente”, disse em comunicado o ministro da Saúde, Khumbize Chiponda, acrescentando que uma nova data de reabertura será anunciada.
A imunização é um problema, já que o estoque global de vacinas contra cólera que a OMS (Organização Mundial da Saúde) ajuda a gerenciar está “atualmente vazio ou extremamente baixo“, disse em dezembro um funcionário da agência, em meio ao ressurgimento da doença.
Segundo a OMS, as taxas de mortalidade tiveram aumento em pelo menos 30 países ao redor do mundo que relataram surtos de cólera em 2022, número que representa um terço a mais do que em um ano típico.
Chiponda apelou às autoridades para reforçarem as medidas sanitárias de enfrentamento ao problema. Isso inclui a pulverização à base de cloro para desinfetar locais de alta circulação de pessoas, como mercados e escolas, além do reforço das vacinações.
Vacinação global
A escassez de vacinas contra cólera levou a OMS a adotar uma estratégia temporária de dose única, em vez das duas doses habituais aplicadas em campanhas de resposta a surtos.
No final de outubro, a agência informou que, em curto prazo, essa medida visa responder a uma realidade sem precedentes. Desde janeiro, 29 países relataram casos de cólera, incluindo Haiti, Malaui e Síria, onde ocorrem grandes surtos.
Nos cinco anos anteriores, a OMS recebeu notificações de 20 países. A agência defende que a tendência global é de surgimento de mais surtos, de forma mais generalizada e mais grave.
Entre fatores que limitam o acesso à água potável e aumentam o risco de surtos de cólera estão inundações, secas, conflitos, movimentos populacionais e outros.