Inundações atingem 19 países da África e matam ‘centenas’ de pessoas, segundo a ONU

Chuvas fortes dizimaram mais de um milhão de hectares de terras agrícolas e desalojaram dezenas de milhares de pessoas

As chuvas fortes na África afetaram cinco milhões de pessoas, com enchentes arrasadoras em 19 países do centro e do oeste do continente. As inundações dizimaram mais de um milhão de hectares de terras agrícolas, ceifando centenas de vidas e desalojando dezenas de milhares de pessoas.

O Programa Alimentar Mundial (PMA) trabalha atualmente com os afetados para tornar as comunidades mais resilientes a futuros choques e pavimentar um caminho para sair da situação.

O diretor regional da entidade para África, Chris Nikoi considera que as famílias na África Ocidental já foram levadas ao limite após conflitos, em função das consequências da pandemia de Covid-19 e do aumento dos preços dos alimentos. As inundações agem como um multiplicador dessa miséria.

As enchentes ocorrem em meio aos preparativos da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, a COP27, no Egito. O evento deve ressaltar a necessidade de socorro a comunidades atingidas por desastres climáticos, para que possam se adaptar, expandir soluções em abordar perdas e danos e investir na ação climática em contextos frágeis.

Acredita-se que o desastre seja dos mais mortais que a região já viu em anos, e o temor é o de que agrave a fome de milhões em África.

Deslocados por inundações no Sudão do Sul usam lona para flutuar no rio Sobat (Foto: Jan Grarup/Unicef)
Mais chuva prevista

Chuvas sazonais irregulares são esperadas com novas cheias que podem piorar a situação humanitária. Entre junho e agosto, as calamidades colocaram 43 milhões de pessoas em níveis de insegurança alimentar, crise e emergência.

Entretanto, o PMA está no terreno e fornece assistência de emergência de três meses na República Centro-Africana, Chade, Gâmbia, Nigéria, São Tomé e Príncipe e Serra Leoa, países fortemente atingidos. O pacote deve favorecer 427 mil mulheres, homens e crianças.

Chris Nikoi notou que fortalecer a resiliência e promover a adaptação climática é parte essencial da antecipação de riscos, restauração de ecossistemas degradados e proteção de comunidades vulneráveis ​​contra o impacto de eventos extremos. Pequenos agricultores cujas colheitas foram destruídas também se beneficiam da resposta com assistência alimentar de emergência e desembolsos em dinheiro.

A disparada de alimentos, combustíveis e fertilizantes não apenas agrava a crise da fome, mas também fomenta as tensões socioeconômicas, à medida que os governos lutam para responder.

Ação antecipada

O PMA está implementando também um programa de ação antecipada que ajuda a capacitar governos e parceiros e criar sistemas de alerta precoce contra eventos climáticos extremos.

Em agosto, a Ação foi ativada no Níger, visando 200 mil pessoas em risco com mensagens de alerta e aconselhamento. No Sahel, o foco da agência é a construção de resiliência aos efeitos da crise climática, promovendo técnicas agrícolas que ajudam a restaurar terras e ecossistemas degradados.

O PMA apoia as comunidades na construção de sistemas de captação de água da chuva e outras opções ​​de armazenamento, permitindo aos agricultores plantarem frutas e vegetais na época de seca.

A agência implementou um esquema de seguro para melhorar a gestão dos riscos climáticos e desembolsou neste ano US$ 9,4 milhões na implementação de um plano de resposta precoce na Mauritânia, Mali e Burkina Faso como parte da resposta de Capacidade Africana de Risco.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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