Militares são presos na RD Congo após repressão a protesto terminar com 43 mortes

Comandantes são acusados de liderar soldados na morte de civis desarmados que planejava protesto contra missão da ONU

Dois comandantes de alto escalão do exército da República Democrática do Congo (RDC) foram presos na segunda-feira (4) por ordenarem a seus soldados que matassem membros de uma seita religiosa que planejavam um protesto contra uma missão da ONU (Organização das Nações Unidas) no país. As informações são da agência Associated Press.

Os oficiais ordenaram que seus comandados atacassem a igreja onde estavam reunidos integrantes do grupo religioso cristão-animista chamado Fé Judaica Natural e Messiânica Rumo às Nações, localmente conhecido como Wazalendo, resultando em 43 mortes e 56 feridos, embora fontes independentes estimem que o número de mortos seja próximo de cem.

O ministro do Interior, Peter Kazadi, anunciou a prisão dos comandantes Mike Mikombe e Donat Bawili, que lideravam as forças da Guarda Republicana e do regimento das Forças Armadas da RDC na cidade de Goma, onde ocorreram protestos violentos contra a ONU na quarta-feira anterior (30).

Forças de manutenção da paz da ONU auxiliam em combate a incêndio em Goma, 2017 (Foto: MONUSCO Photos/Flickr)

Diante do uso de força letal para conter os manifestantes, uma delegação do governo, incluindo o presidente do país, Felix Tshisekedi, chegou a Goma no começo desta semana para conduzir investigações com o objetivo de identificar os responsáveis, como explicou Kazadi.

O ministro assegurou que não há intenção de ocultar informações e que “toda a verdade será revelada”. As autoridades também fizeram um apelo às famílias das vítimas em Goma para colaborarem com informações no inquérito em andamento.

Em 23 de agosto, o prefeito de Goma proibiu um protesto organizado pelo Wazalendo. Motivados pelas lideranças religiosas, os seguidores desse grupo planejavam realizar uma manifestação contra a organização regional da Comunidade da África Oriental e a missão de manutenção da paz das Nações Unidas no Congo (Monusco), que tem enfrentado uma crescente pressão para se retirar do país após mais de duas décadas de presença.

Jovens manifestantes em Goma demonstraram sua revolta com as mortes bloqueando estradas na manhã (horário local) de segunda-feira. Durante a tarde, a cidade ficou paralisada até que a polícia conseguiu dispersar os manifestantes sem grandes incidentes e reabrir as pistas.

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