Na África, Freddy bateu recorde de duração de um ciclone tropical

Confirmado por especialistas globais, registro constará no Arquivo de Clima e Extremos Climáticos da Organização Meteorológica Mundial

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O Freddy é oficialmente o ciclone tropical que durou mais tempo, revela uma investigação da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Em 36 dias no status de tempestade tropical ou superior, o desastre afetou países do sul da África como Madagascar, Malaui e Moçambique entre fevereiro e março de 2023. No período foram perdidas centenas de vidas, meios de subsistência e infraestrutura.

Status de tempestade tropical ou superior

O Freddy supera o recorde do ciclone tropical John, que atingiu o Oceano Pacífico Norte em 1994 e se manteve no status de tempestade tropical ou superior durante 714 horas, ou 29,75 dias. 

A OMM realça que, além de durar mais tempo, o Freddy foi a segunda tempestade mais longa em termos de distância percorrida, o equivalente a quase 33% da circunferência da Terra.

Registros do ciclone tropical Eloíse na cidade de Beira, na região central de Moçambique, em 24 de janeiro de 2021 (Foto: Twitter/Unicef Moçambique)

Ao cruzar a bacia do Oceano Índico e percorrer áreas de Madagascar e do sudeste da África, o Freddy deixou um rastro de destruição, centenas de perdas humanas e danos econômicos.

Na investigação divulgada na terça-feira (2), em Genebra, a Organização Meteorologia Mundial estiveram técnicos centros em locais posicionados em lugares como Austrália, Canadá, China, Hong Kong, Estados Unidos, Espanha e ilhas Reunião.

Longevidade e capacidade de sobrevivência

O especialista Chris Velden integra o comitê sobre ciclones tropicais/satélites da Universidade de Wisconsin, EUA. Ele descreveu o Freddy como um ciclone tropical notável, não apenas por sua longevidade, mas também pela capacidade de sobreviver a múltiplas interações terrestres. E ressaltou que esse fato trouxe consequências significativas para as populações do sudeste africano.

Já o relator sobre clima e extremos climáticos da OMM, Randall Cerveny, explicou que a investigação destaca o cuidado meticuloso da agência da ONU na certificação de todas as observações meteorológicas assegurando a confiança de que os registros globais de todos os fenômenos climáticos são medidos de forma correta.

Historiadores do clima e formuladores de políticas

Na sequência da investigação será atualizado o Arquivo de Clima e Extremos Climáticos da OMM para refletir o novo registro.

Os dados do arquivo incluem temperaturas mais altas e mais baixas do mundo, precipitação, granizo mais forte, período seco mais longo, rajada máxima de vento, relâmpago mais longo e mortalidades relacionadas ao clima. Esse acervo “é usado por historiadores do clima e, cada vez mais, por formuladores de políticas”.

Randall Cerveny não descarta que no futuro venham a ocorrer eventos extremos maiores. Ele explicou que quando tais observações forem feitas, novos comitês de avaliação da OMM serão formados para julgar essas observações.

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