Nigéria abre investigação após político anunciar casamento coletivo de cem garotas órfãs

Governo cancelou a iniciativa e agora vai apurar se as jovens tinham idade para participar legalmente da cerimônia

O governo da Nigéria promete investigar o caso de um político local que anunciou a realização de um casamento coletivo envolvendo cem meninas órfãs. Ele declinou da ideia devido à interferência do Ministério Federal dos Assuntos da Mulher. As informações são da rede Voice of America (VOA).

Abdulmalik Sarkin-Daji, presidente da Assembleia do estado do Níger, na região central da Nigéria, anunciou na semana passada que realizaria a cerimônia em massa, envolvendo garotas que perderam seus familiares em ataques de grupos armados. Segundo ele, a iniciativa atenderia ao pedido de líderes religiosos e grupos conservadores nigerianos.

A ministra dos Assuntos da Mulher, Uju Kennedy-Ohanenye (Foto: arquivo pessoal/Facebook)

A questão gerou debate no país e chegou à ministra Uju Kennedy-Ohanenye. “Isto é totalmente inaceitável por parte do Ministério Federal dos Assuntos da Mulher e pelo governo”, disse ela.

De acordo com o jornal Premium Times, Kennedy-Ohanenye promete apurar o caso, sobretudo para verificar se as garotas envolvidas no casamento haviam atingido a idade mínima para oferecer consentimento e se casar.

O parlamentar que havia anunciado a cerimônia, por sua vez, disse que retiraria o apoio, mas que o dinheiro ainda seria oferecido àqueles que tivessem interesse em realizar as cerimônias individualmente.

Segundo a VOA, o casamento forçado é proibido na Nigéria, mas ainda assim a prática é comum sobretudo nas comunidades rurais do norte do país, predominantemente muçulmano. Em muitos casos, entregar as meninas a um marido é uma maneira de as famílias pobres da região aliviarem a pressão financeira. Em todo o país, cerca de 30% das nigerianas se casam antes dos 18 anos.

Raquel Kasham Daniel, que por pouco escapou de um casamento forçado após a morte dos país pais, hoje comanda uma entidade que oferece educação a crianças nigerianas, sobretudo meninas que correm o risco de ter o mesmo destino que ela conseguiu evitar.

“A razão pela qual dou prioridade à educação é garantir que outras meninas tenham acesso a uma educação de qualidade, que as ajude a tomar decisões informadas sobre as suas vidas. A educação não só aumenta a nossa consciência, como meninas, sobre os nossos direitos, mas também melhora as nossas perspectivas de obter rendimentos mais elevados”, disse ela.

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