Múltiplas crises globais são luta crescente para erradicar casamento infantil, diz Unicef

Atrasos na luta para acabar com a prática são maiores na África Subsaariana, que está agora a 200 anos de impedir os matrimônios infantis

Apesar do declínio no número de casos de casamento infantil na última década, crises em várias partes do mundo, incluindo conflitos e choques climáticos, estão impedindo a erradicação da prática. A conclusão é de um relatório do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) divulgado nesta quarta-feira (3), que aponta outras ameaças aos ganhos conquistados, incluindo a crise causada pela Covid-19

A diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell, afirma que “o mundo está sendo absorvido por crises em cima de crises que estão esmagando as esperanças e sonhos das crianças vulneráveis, principalmente meninas que deveriam estar na escola, não se tornando noivas.” 

A chefe da agência lembra que as crises econômicas e de saúde, conflitos armados e efeitos da mudança climática estão forçando famílias inteiras e procurarem um “falso senso de refúgio no casamento infantil.” 

Em todo o mundo, pelo menos 640 milhões de meninas e mulheres se casaram na infância. É uma média de 12 milhões de crianças por ano, de acordo com as estimativas globais incluídas na análise. 

Protesto popular contra o casamento infantil no Malaui (Foto: Flickr)
Ritmo de combate tem que ser 20 vezes mais rápido 

A fatia de mulheres jovens que se casaram na infância caiu de 21% para 19% desde os últimos dados, divulgados há cinco anos. Mas, apesar do pequeno avanço, as reduções globais teriam que ser 20 vezes mais rápidas para se alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável até 2030. 

A África Subsaariana, que atualmente concentra o segundo maior nível global de crianças casadas, com 20% dos casos, está a 200 anos de terminar com a prática, se mantiver as taxas atuais de matrimônios infantis.  O rápido crescimento da população, ao lado de crises correntes, deve levar a uma alta no número de crianças nessas condições. 

América Latina e Caribe estão caminhando para alcançar o segundo maior nível regional de casamentos infantis até 2030. 

Reduções globais 

Após ganhos consistentes no Oriente Médio, no Norte da África, no leste da Europa e na Ásia Central, essas regiões também estão estagnando. 

O sul da Ásia continua liderando as reduções globais e deve eliminar o casamento infantil em 55 anos, segundo o relatório. Mas atualmente a área tem 45% de todas as noivas-crianças. 

A Índia registrou avanços nas recentes décadas, mas ainda contabiliza um terço de todos os casos globais.  

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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