Nova variante de mpox na RD Congo é considerada a mais perigosa até agora

Surto atual começou com transmissão sexual, mas há indícios de que essa cepa também pode se espalhar por contato com a pele

Uma nova cepa do vírus mpox, anteriormente chamada de varíola dos macacos, tem se espalhado rapidamente na fronteira leste da República Democrática do Congo, preocupando as autoridades de saúde. O vírus, que causa lesões no corpo, pode deixar as pessoas gravemente doentes e até levar a óbito. As informações são da rede BBC.

O surto atual, impulsionado pela transmissão sexual, pode também se espalhar por contato próximo pele a pele. Especialistas em saúde global alertam que a nova variante, considerada a mais perigosa até agora, pode se espalhar internacionalmente. Uma epidemia de mpox em 2022 foi controlada pela vacinação de grupos vulneráveis e deixou de ser uma emergência global.

O acesso a vacinas e tratamentos na RD Congo é limitado, e autoridades locais alertam que o vírus pode se espalhar para outros países devido à falta de controles nas fronteiras. Leandre Murhula Masirika, do departamento de saúde de Kivu do Sul, manifestou grande preocupação com os possíveis problemas acarretados pela disseminação. “Tenho muito medo de que isso cause mais danos”, disse.

Erupções de pele causadas pela mpox, antes conhecida como varíola dos macacos (Foto: The Focal Project/Flickr)

O vírus, originalmente conhecido como Monkey Pox, se espalha através do contato direto com fluidos corporais e causa sintomas semelhantes aos da gripe, além de lesões com pus na pele.

Em julho de 2022, a doença estava se espalhando rapidamente, mas o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus, disse que a agência “foi muito encorajada pela resposta rápida dos países”. 

A doença circula desde 1970 e ocorreu principalmente em áreas de floresta tropical da África Central e Ocidental. O mpox foi declarado emergência depois que casos começaram a surgir na Europa, América do Norte e outros lugares, principalmente entre homens gays e bissexuais. Monkeypox não tem associação a nenhum grupo específico e pode atingir qualquer pessoa.

Metade das vítimas são crianças

Os casos de mpox têm crescido na República Democrática do Congo ao longo de décadas. Este ano, o país registrou cerca de 8 mil casos e 384 mortes, com quase metade das vítimas sendo crianças menores de 15 anos, segundo a OMS.

Recentes testes laboratoriais encontraram uma nova cepa de mpox na região, com mutações que facilitam a transmissão entre humanos. Originada em Kamituga, uma cidade mineradora, a cepa se espalhou para várias cidades ao longo da fronteira, incluindo Goma próximo ao Ruanda. Os casos estão aumentando, envolvendo crianças, profissionais de saúde e famílias inteiras. A OMS alerta para o risco elevado de propagação internacional e transfronteiriça, com potencial para causar doenças graves.

A nova cepa, pertencente ao Clade I e mais letal, difere de surtos anteriores na região ao ser transmitida também por contato não sexual, aumentando seu perigo. Crianças, inclusive recém-nascidos durante a gravidez, foram amplamente afetadas. Mulheres grávidas infectadas relataram abortos, enquanto alguns pacientes desenvolveram complicações crônicas nos olhos, pele e órgãos genitais.

Tags: