Projeto de desenvolvimento sustentável explora vocação marítima da Guiné-Bissau

Objetivo é melhor usufruir da Economia Azul, termo que define o potencial de riqueza dos oceanos, sem prejuízo aos ecossistemas

A Guiné-Bissau, país de língua portuguesa da África Ocidental, foi tema de um recente ciclo de estudos realizados por parceiros e especialistas da ONU (Organização das Nações Unidas). O objetivo é definir estratégias para a nação melhor usufruir da Economia Azul, termo que define o potencial de riqueza dos oceanos, com aproveitamento total de recursos naturais sem prejuízo aos ecossistemas. A iniciativa é do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) em parceria com o governo guineense.

Os participantes repensaram a recuperação socioeconômica da Guiné-Bissau de maneira mais sustentável, resiliente e inclusiva, para construir um futuro ecológico mais inteligente e que atenda às lições derivadas da pandemia de Covid-19, que colocou em evidência os problemas globais do desenvolvimento.

“As águas da Guiné-Bissau são consideradas uma das áreas de biodiversidade mais ricas da África Ocidental. O ecossistema marinho e terrestre é muito rico e diversificado e é parte essencial da riqueza natural do país e base também para um possível financiamento verde e azul”, disse o representante do Pnud Tjark Egenhoff.

Citando a estratégia marítima integrada da União Africana, Egenhoff disse que a Economia Azul é uma nova fronteira de renascimento continental com potencial para criar riqueza, promover o comércio, gerar crescimento econômico e transformar vidas. Ele destacou que o oceano não é apenas fonte de emprego e sustento das comunidades costeiras, mas também elemento inerente à cultura, herança e parte de um sonho de desenvolvimento.

Praia de Ofir, Bolama, Guiné-Bissau, em março de 2018 (Foto: Helena Maria Pestana/Wikimedia Commons)

Efeitos da pandemia

A interrupção das cadeias de abastecimento e a circulação de pessoas e bens em consequência da pandemia pesaram sobre as economias. Os setores mais afetados são a agricultura, transportes, turismo e pequenas empresas, ramos considerados a espinha dorsal econômica da Guiné-Bissau, explicou Egenhoff. 

Segundo ele, a pandemia demostrou a importância de associar o desenvolvimento socioeconômico à proteção ambiental. “A ligação entre a erupção dos ecossistemas pelo ser humano e a gênesis de uma pandemia com consequências devastadoras mudaram até os nossos padrões de como se pensa e como se deveria pensar o desenvolvimento”.

A Economia Azul contribui com cerca de US$ 2,3 trilhões para o PIB (Produto Interno Bruto) global, sendo inferior apenas ao de quatro nações mundiais. A União Africana identificou o desenvolvimento do oceano como um objetivo prioritário para alcançar a aspiração de uma África próspera em conjunto com a agenda 2063. 

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News.

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