ONU: Novo plano mira paralisar crime organizado e terrorismo na África

Unodc pediu mais investimentos em segurança e combate à corrupção para barrar tráfico de drogas no continente

Este conteúdo foi publicado originalmente pela agência ONU News, da Organização das Nações Unidas

O Unodc (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime) lançou a Visão Estratégica para a África até 2030. O plano, apresentado em Viena, prevê investimentos em áreas incluindo o combate à corrupção e ao terrorismo. 

Práticas ilícitas no continente assolam setores como a saúde impedindo serviços a 400 milhões de usuários. A África importa mais de 95% dos medicamentos e produtos no setor de saúde. 

Em outras áreas, os desafios incluem melhorar prestação de contas e supervisão, combater ameaças ao desenvolvimento sustentável, à segurança humana e à governança.

ONU: Nova estratégia propõe travar crime organizado e  terrorismo na África
Drogas apreendidas pela UNODC na África, em 2015 (Foto: Divulgação/UNODC)

A estimativa é que, por ano, os africanos percam US$ 88,6 bilhões em fluxos financeiros ilícitos. O valor equivale a 3,7% do PIB (Produto Interno Bruto) regional. Com a nova estratégia, o Unodc quer garantir maior proteção das pessoas contra o crime organizado, terrorismo e violência.  

Outras metas incluem tornar os sistemas de justiça criminal mais eficazes e responsáveis, evitar a falsificação de medicamentos e impulsionar recursos e meios de subsistência. A União Africana quer cooperar com a iniciativa para alinhamento técnico  à Agenda 2063 da organização.  

Entorpecentes 

No evento virtual participaram a chefe do Unodc, Ghada Waly, a representante da ONU na União Africana Hanna Tetteh, e a conselheira especial para a África do Secretário-Geral da ONU, Cristina Duarte. 

Nos últimos anos, a África passou de uma mera rota de trânsito de entorpecentes traficados para se tornar uma importante região consumidora e protagonista no crime.

À medida que grandes quantidades de drogas passam pela região, há maior consumo e produção locais. A situação fez disparar os casos de transtornos por uso de entorpecentes e cria uma enorme demanda de tratamento que não pode ser atendida por falta de especialistas para lidar com vícios. 

Os efeitos do aumento do vínculo entre as drogas e o crime organizado são redes complexas e mutáveis de insurgência e práticas que afetam a política local e regional, como corrupção e terrorismo.  

ONU: Nova estratégia propõe travar crime organizado e  terrorismo na África
Apreensão de drogas de cartéis pela polícia do México em novembro de 2010, na capital Cidade do México (Foto: Flickr/Claudio Toledo)

Com a pandemia, criminosos aproveitam-se da situação para promover a produção e o tráfico de medicamentos e produtos de saúde que sejam precários e falsificados. Esses fatores representam grandes desafios não só para os já frágeis sistemas de saúde, mas também para o meio social e econômico da África. 

A comissária da União Africana, Amira Elfadil, sublinhou o compromisso da organização em priorizar o desenvolvimento sustentável, abordando a pobreza generalizada, a exclusão social e a discriminação. 

Conforme Elfadil, a aposta quer favorecer para que haja mais meios de subsistência lícitos e sustentáveis através de um reforço da colaboração com o Unodc. 

A diretora executiva do Unodc, Ghada Waly, enalteceu a cooperação com parceiros regionais para prevenir e responder a questões ligadas às drogas, crime, corrupção e terrorismo.  

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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