Os impactos da pandemia do novo coronavírus podem ser parecidos com os da crise econômica de 2008, ao menos em relação ao uso de drogas, concluiu o Relatório Mundial sobre Drogas de 2020. O material foi publicado nesta quinta (25) pela UNOCD (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime).
Como há 12 anos, os usuários passaram a procurar substâncias sintéticas mais baratas e injeções intravenosas. Já os governos reduziram o orçamento para o combate às drogas.
Segundo o relatório, o maior impacto imediato deve ser sentido pelos países onde a maior parte das substâncias chega por meio de voos comerciais.
O aumento do desemprego e a falta de oportunidades fazem com que a população mais pobre se envolva com drogas e atividades ilícitas correlacionadas.

Em crescimento
Mais de 35 milhões de pessoas em todo o mundo são dependentes de drogas, de acordo com o relatório. Cerca de 269 milhões de pessoas abusaram de substâncias em 2018. Isso representa um aumento de 30% em relação a 2009.
A urbanização seria um impulsionador para o mercado de drogas, já que o consumo é maior nessas áreas do que em zonas rurais. A tendência se repete em países desenvolvidos e em desenvolvimento.
De acordo com o relatório, o opióide mais usado no Brasil é a heroína. Já a droga estimulante mais comum no país é a cocaína. É o maior mercado para a droga na América do Sul, com cerca de 1,5 milhão de usuários.
Mudanças no mercado
Drogas sintéticas estão substituindo o uso de opiáceos na Ásia Central e na Rússia, enquanto o uso de metanfetamina cresce no Afeganistão e no Iraque. Nesta região estão os maiores produtores de papoula do mundo.
Já o uso de cannabis tem crescido na maioria das regiões onde o uso recreativo já é legalizado.
Em 2018, a cannabis foi a droga mais popular, sendo utilizada por 192 milhões de pessoas em todo o mundo. Por outro lado, os opióides foram responsáveis por 66% das 167 mil mortes ligadas ao uso de drogas em 2017.