ONU: Violência em Moçambique já forçou 565 mil deslocamentos

Com milhares afetados por conflitos em Cabo Delgado, agência de alimentos da ONU tenta arrecadar recursos

Este conteúdo foi publicado originalmente na agência ONU News, da Organização das Nações Unidas

O Programa Mundial de Alimentos está fornecendo assistência alimentar a cerca de 400 mil pessoas afetadas pela violência em Cabo Delgado, província de Moçambique, apesar do aumento da insegurança na região e do financiamento limitado. 

A área é alvo de combates entre terroristas islâmicos e tropas do governo do país, de língua portuguesa. 

Em comunicado, a agência diz que milhares de moçambicanos correm risco de fome e desnutrição grave devido a uma escassez de US$ 108 milhões de financiamento. Até o momento, 565 mil pessoas foram forçadas a abandonar suas casas.  

ONU: Violência em Moçambique já forçou 565 mil deslocamentos
Famílias refugiadas após conflitos de insurgentes do EI em Cabo Delgado, Moçambique, em dezembro de 2020 (Foto: UN Photo/Mauricio Bisol)

Ajuda 

Nesse momento, o órgão ajuda 400 mil pessoas nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa com uma cesta básica familiar de 50 kg de cereais, 5 litros de óleo e 10 kg de feijão e lentilhas secas.  

A cesta de alimentos garante pelo menos 81% das necessidades diárias às famílias deslocadas e contribui para evitar novas vítimas de exploração. 

A agência distribui vales mensais de cerca de US$ 50 onde os mercados locais estão funcionando, permitindo que as famílias decidam suas necessidades básicas. 

Nos próximos três meses, a falta de financiamento pode forçar a agência a reduzir ou interromper a assistência alimentar nas três províncias.

Isso causa preocupações em torno da segurança alimentar e dos riscos à saúde resultantes da desnutrição, mas também pode criar tensões nas comunidades de acolhimento. 

Em comunicado, a representante do PMA no país, Antonella D’Aprile, disse que estas pessoas são especialmente vulneráveis ​​à propagação de Covid-19 pois vivem em assentamentos ou sem abrigo ou acesso a serviços de saúde, água potável e saneamento. 

“Milhares de crianças e adolescentes que perderam os pais e familiares próximos precisam de proteção e cuidados”, disse, referindo-se à crescente violência em Moçambique.

ONU: Violência em Moçambique já forçou 565 mil deslocamentos
Deslocados de Cabo Delgado separam artefatos para armazenar água, em Moçambique, dezembro de 2020 (Foto: Unicef/Mauricio Bisol)

Necessidades 

O PMA precisa de US$ 10,5 milhões por mês para fornecer assistência alimentar a 750 mil pessoas. Desses, 500 mil são deslocados internos e 250 mil vêm das comunidades de acolhimento

A agência busca US$ 132,4 milhões para garantir a assistência alimentar humanitária nos próximos 12 meses. Do montante, há garantia de US$ 24,4 milhões até o final de 2020.  

Antonella D’Aprile afirmou que é necessário unir esforços agora para proteger a segurança alimentar e nutricional e a subsistência dos moçambicanos. 

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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