A falta de água potável, saneamento e itens de higiene básica para cerca de 250 mil crianças deslocadas aumenta o risco de doenças mortais na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, de acordo com alerta do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) emitido nesta terça (22).
Além da escalada de violência de grupos extremistas, a região ainda enfrenta os rastros deixados por um ciclone devastador e secas nos últimos dois anos.
Grande parte da população local, que já sofria com a fome, agora vê o problema se aprofundar. Estima-se que duas em cada cinco crianças sofrem de desnutrição crônica.
Com condições insalubres, doenças como diarreia – facilmente evitadas e tratadas – se tornam ameaças fatais às crianças deslocadas de Moçambique.
“À medida que as condições na província se deterioram, os sistemas de água, saneamento e saúde estão sob pressão crescente”, disse a diretora-executiva da Unicef, Henrietta Fore.
Sem ter para onde ir, muitos dos refugiados da província caminham em direção às comunidades anfitriãs da região – em boa parte, superlotadas. Nestes locais, o maior risco é que os deslocados contraiam doenças como cólera – transmitida pela água – e Covid-19.
Violência cresce em Cabo Delgado
Além das doenças, muitas crianças estão traumatizadas pela brutalidade dos grupos extremistas contra suas famílias e comunidades.
Autoridades estimam que mais de 2,3 mil cidadãos de Cabo Delgado morreram em meio a violência do EI desde 2017. A violência já forçou o deslocamento de 500 mil pessoas.
Os ataques começaram em 2017 e se intensificaram neste ano, quando o grupo paramilitar Ahulu Sunnah Wa-Jama jurou fidelidade ao Estado Islâmico.
A Unicef tenta recolher recursos para expandir o atendimento à população local. A demanda estimada é de US$ 52,8 milhões para atender Moçambique – sendo que US$ 30 milhões seriam destinados apenas para Cabo Delgado.