Piratas somalis aproveitam crise no Mar Vermelho e em Gaza para retomar ataques

Crescimento das ações adiciona camada de complexidade ao comércio marítimo global e tende a impactar nos preços de produtos

Os piratas somalis estão de volta, tirando vantagem das atenções desviadas pela crise no Mar Vermelho e o conflito em Gaza para retomar seus ataques a navios comerciais. Este ressurgimento marca o fim de quase uma década de inatividade significativa no setor, com incidentes que reacendem preocupações globais sobre a segurança marítima. As informações são da rede CNN.

Mohammed Atik Ullah Khan, oficial-chefe do navio mercante Abdullah, protagonizou um desses episódios recentemente. Ele avistou em radar um barco de pesca não identificado enquanto navegava do Moçambique para os Emirados Árabes Unidos. Rapidamente, seis pessoas armadas com rifles automáticos se aproximaram em um barco veloz, seguidas por outras seis em um segundo veículo. Apesar dos pedidos de socorro, a tripulação do Abdullah foi rendida e mantida como refém.

Fragata HMS Northumberland no Oceano Índico em operações contra a pirataria (Foto: Defence Images/Flickr)

O incidente é parte de uma tendência preocupante que vem crescendo desde o início de 2024. Um relatório de Lloyd’s List, citando a Seahawk Maritime Intelligence, alertou que a expansão dos laços entre piratas somalis, os Houthis e outros atores regionais poderia desestabilizar gravemente o comércio marítimo nas rotas vitais do Mar Vermelho e do Oceano Índico.

O crescimento dos ataques piratas adiciona uma camada de complexidade ao comércio marítimo global, já desafiado pelos choques estratégicos da crise no Mar Vermelho. “Estamos potencialmente em um ponto crítico, no qual qualquer interrupção adicional será muito tangível para consumidores em todo o mundo”, destacou Ian Ralby, pesquisador sênior do think tank Center for Maritime Strategy, dos EUA.

Além disso, para evitar ataques dos Houthis, navios mercantes têm desviado pelo Cabo da Boa Esperança, o que implica um custo adicional estimado em US$ 1 milhão por embarcação, afetando os preços de bens importados, desde roupas e eletrônicos até gás e grãos alimentícios.

A pirataria e a pesca ilegal

A ação dos piratas remonta ao descontentamento das comunidades pesqueiras na década de 1990, quando começaram a se armar contra a presença agressiva de traineiras estrangeiras em águas territoriais da Somália.

Com o retorno da pirataria, os criminosos somalis operam uma rede forte, com papéis definidos, desde a coleta de inteligência sobre alvos potenciais até o controle de navios sequestrados, financiados por pessoas influentes das cidades, muitas vezes com poder político.

Embora a pirataria tenha diminuído significativamente desde 2012 devido a medidas de contrapirataria, os recentes ataques Houthis no Mar Vermelho e a guerra entre Israel e o Hamas deslocaram recursos navais e de inteligência, permitindo que a pirataria se tornasse novamente uma opção lucrativa.

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