O Mar Vermelho, uma das rotas marítimas mais importantes do mundo, tornou-se um campo de batalha. Rebeldes Houthis, apoiados pelo Irã, sequestraram em novembro de 2023 o navio Galaxy Leader, mantendo sua tripulação refém até hoje. Desde então, os ataques não apenas continuaram, mas se intensificaram, envolvendo mísseis, drones explosivos e embarcações armadas, e analistas enxergam uma resposta frágil dos aliados ocidentais. As informações são do site Business Insider.
Os números alarmam: mais de 130 ataques foram realizados contra navios comerciais e militares, resultando no naufrágio de duas embarcações, um sequestro e a morte de quatro marinheiros. “A ameaça persiste, e não há sinais de abrandamento”, alertou o general aposentado Joseph Votel, ex-chefe do Comando Central das Forças Armadas dos EUA.
Um vídeo recente divulgado pelos Houthis mostra um drone carregado de explosivos atingindo uma embarcação comercial, destacando o alcance e a sofisticação de sua campanha. A rota marítima, que antes transportava até 15% do comércio global, agora enfrenta um colapso, com empresas redirecionando seus navios por rotas mais longas e caras ao redor da África.
Os Estados Unidos lideram uma coalizão internacional, com ataques aéreos e interceptações de mísseis, tentando conter os Houthis. Mas, como reconheceu o enviado especial dos EUA ao Iêmen, Tim Lenderking, a solução não está no uso exclusivo de força militar.
“Perseguir isso traria mais anos de morte e destruição ao Iêmen, além de impactos devastadores para a economia e infraestrutura do país”, afirmou a autoridade.
A justificativa dos Houthis para os ataques está diretamente ligada ao conflito entre Israel e Hamas, com o grupo declarando apoio ao povo palestino. Ainda assim, analistas consideram que há uma estratégia maior em jogo: enfraquecer o comércio global e reforçar a influência regional do Irã.
Brian Carter, especialista em Oriente Médio, vê a atuação norte-americana atualmente como problemática e projeta desdobramentos a longo prazo. Segundo ele, “permitir que os Houthis prolonguem sua campanha de escalada gradual é uma escolha política muito mais perigosa para os EUA no longo prazo do que um esforço militar mais decisivo teria sido”.
Os custos para manter as operações militares já ultrapassam US$ 1,8 bilhão, com a Marinha americana consumindo centenas de munições em sua campanha no Oriente Médio. No entanto, enquanto alguns navios deixam a região, outros assumem seus postos, em uma operação que parece não ter fim. “Estamos comprometidos em garantir a liberdade de navegação no Mar Vermelho”, reforçou Lenderking.