O governo do Burundi anunciou nesta terça (9), a morte do presidente Pierre Nkurunziza, 55. A causa oficial é uma “parada cardíaca”, mas há suspeita de que o mandatário morreu após desenvolver a forma grave do novo coronavírus.
Se eventualmente confirmada, a morte seria a primeira de um chefe de Estado pelo novo coronavírus. Porém, não há nenhuma confirmação de que o mandatário sequer tenha sido testado.
As suspeitas derivam dos rumores de que a primeira-dama estaria se tratando da Covid-19, segundo o “Washington Post“. A esposa de Nkurunziza, Denise, viajou há cerca de dez dias para Nairóbi, no Quênia.
Em 14 de maio, o Burundi expulsou a OMS (Organização Mundial da Saúde) do país por “interferência” depois que a entidade denunciou a falta de medidas contra o novo coronavírus. Oficialmente, o país conta 83 casos e uma morte.
O órgão temia uma escalada dos contágios com as eleições, que aconteceram no dia 20 daquele mês, após vitória da situação com 68,7% dos votos. A oposição acusou o governo de fraudar o pleito e há relatos de votos duplicados e de pessoas mortas, segundo a revista britânica “The Economist“.
Contexto
O presidente Nkurunziza segundo informe oficial, estava bem no sábado durante visita à sua cidade natal, Ngozi. No dia seguinte, sentiu-se mal e foi internado em um hospital na vizinha Karuzi.
Após breve melhora, na qual “se entreteve com as pessoas que cuidavam dele”, sofreu uma parada cardíaca na segunda-feira e não resistiu.
Nkurunziza tornou-se presidente em 2005, após uma guerra civil de uma década. O conflito matou 300 mil pessoas, em um país de 11,1 milhões de habitantes.
Para deixar o poder em agosto, Nkurunziza receberia uma “gratificação” de US$ 530 mil e uma casa. A medida foi votada pelo Parlamento local em janeiro.
O presidente também seria agraciado com o título vitalício de “supremo guia do patriotismo”, de acordo com a BBC.
Se concluída, a transição de poder pacífica será a primeira desde a independência da Bélgica, em 1962.