A oposição acusa as autoridades de fraude nas eleições presidenciais no Burundi, país do leste africano, que ocorreu nesta quarta (20). O pleito transcorreu calmamente, sem violência. As informações são da agência de notícias Reuters.
A votação para presidente desta quarta é a primeira, desde o início da guerra civil no país, em 1993, a ser direta, aberta e com a participação de candidatos da oposição.
O candidato do governo, o general aposentado Evariste Ndayishimiye, concorre contra o líder oposicionista Agathon Rwasa e outros cinco candidatos.
Em entrevista à rede alemã Deutsche Welle, o enviado especial das Nações Unidas para direitos humanos Doudou Diene avaliou que o pleito “não foi confiável nem livre”.
O atual presidente Pierra Nkurunziza, cujo governo é acusado de abusos, vai renunciar após 15 anos no poder.
O resultado é esperado em uma semana. Se nenhum dos candidatos receber 50% dos votos, haverá um segundo turno nos próximos 15 dias.
Acusação
O líder da oposição afirmou que seus observadores eleitores foram expulsos dos locais de votação e Rwasa questiona a lisura do processo.
Na semana passada, o governo expulsou do país um agente da OMS (Organização Mundial da Saúde) que criticou a realização de comícios apesar da pandemia do novo coronavírus.
A OMS já registrou 42 casos confirmados do Covid-19 e uma morte. Apenas 633 testes foram realizados, de acordo com o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças.
O governo afirmou ser seguro realizar o pleito, pediu que os eleitores que comparecessem em massa aos locais de votação e que mantivessem o processo pacífico.
Poucos observadores internacionais puderam acompanhar a votação, após o governo determinar que eles ficassem em quarentena por 14 dias.
Violência
As eleições deste ano deveriam promover a primeira transição democrática em 58 anos de independência do país. O último pleito, em 2015, gerou diversas críticas, após o atual presidente conquistar o terceiro mandato.
A eleição gerou protestos violentos, que levaram centenas de milhares de burundianos ao exílio. A ONU documentou centenas de assassinatos, torturas e violações de gangues a ativistas da oposição. O governo nega as acusações de violação dos direitos humanos.
Assim como o país vizinho Ruanda, Burundi é dividido entre uma maioria Hutu e uma minoria de grupos da etnia Tutsi.