Soldados de paz da ONU e civis morrem durante confrontos na disputada região de Abyei

Ao menos 52 civis foram mortos em meio a um confronto entre facções que disputam o controle de uma área rica em petróleo

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

Os contínuos confrontos intercomunitários na disputada região de Abyei, entre o Sudão e o Sudão do Sul, deixaram mais de 50 mortos nos últimos dias, incluindo dois soldados da paz da ONU (Organização das Nações Unidas), segundo informou a entidade na segunda-feira (29). 

Jovens armados de facções rivais do grupo étnico dinka têm lutado pela localização de uma fronteira administrativa na região rica em petróleo, reivindicada por ambos os países.

A Força Interina de Segurança da ONU para Abyei (UNISFA) informou que os confrontos eclodiram no sábado (27) nas áreas de Nyinkuac, Majbong e Khadian, causando vítimas e a evacuação de civis para as suas bases. 

A UNISFA está colaborando com as autoridades locais para verificar o número de mortos, feridos e deslocados, observando que 52 civis perderam a vida, enquanto outros 64 estão gravemente feridos. 

A Missão permitiu que todas as pessoas em situação de ameaça iminente de perigo procurassem refúgio em alguns dos seus campos, em conformidade com o seu mandato de proteger os civis.

Patrulha da ONU em Abyei, no Sudão (Foto: Stuart Price/UN Photo)
Soldados da paz sob ataque 

No domingo (28), as forças de manutenção da paz transportavam civis afetados de uma base da UNISFA para um hospital, quando foram alvo de fogo intenso. Um soldado da paz do Paquistão foi morto, e quatro militares uniformizados e um civil local ficaram feridos.

O incidente aconteceu um dia depois de a base da UNISFA em Agok ter sido atacada, ação que a missão repeliu. Um soldado da paz ganense foi morto, o que levou a Missão a apelar por “uma investigação rápida e completa”. 

A UNIFSA emitiu uma declaração na segunda-feira condenando veementemente os ataques contra civis e forças de manutenção da paz, afirmando que a violência contra “capacetes azuis” pode constituir um crime de guerra ao abrigo do direito internacional.

Chamada para investigação

“A Missão está fazendo todos os esforços para restaurar a calma, incluindo a proteção proativa e robusta dos civis, e reitera o seu apelo por uma investigação rápida para que os perpetradores possam ser responsabilizados”, segundo um comunicado.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, está profundamente preocupado com a violência que ocorreu em Abyei durante o fim de semana, disse o seu porta-voz num comunicado divulgado mais tarde na segunda. 

“O secretário-geral condena a violência e os ataques contra a UNISFA e apela aos governos do Sudão do Sul e do Sudão para que investiguem rapidamente os ataques, com a assistência da UNISFA e levem os perpetradores à justiça ”, afirmou.  

Guterres transmitiu as suas mais profundas condolências ao governo e ao povo de Gana e do Paquistão, e às famílias dos civis falecidos.

ONU em Abyei 

A UNISFA foi criada pelo Conselho de Segurança da ONU em junho de 2011 em resposta à violência renovada, à escalada das tensões e à deslocação da população na região de Abyei, enquanto Sudão do Sul se preparava para declarar formalmente a independência do Sudão no mês seguinte.

As semanas anteriores à decisão do Conselho foram marcadas por confrontos mortais que obrigaram mais de cem mil pessoas a abandonarem as suas casas.

A guerra entre forças militares rivais no Sudão agravou os desafios em Abyei, de acordo com altos funcionários da ONU que informaram o Conselho em novembro passado. Afirmaram que o conflito interrompeu sinais encorajadores de diálogo entre o Sudão e o Sudão do Sul e que as conversações sobre a região disputada foram efetivamente suspensas.

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