Os desenvolvedores da Yassir, aplicativo de mobilidade argelino, decidiram expandir as operações durante a pandemia do coronavírus. Com o isolamento, encontraram um nicho de negócio e uma forma de ajudar quem precisava de assistência médica não relacionada à Covid-19.
Nourredine Tayebi, fundador da Yassir, desenvolveu uma plataforma online que permite a médicos fazer consultas voluntárias por vídeo. O objetivo era continuar os atendimentos, sem precisar da uma sala de espera de um hospital.
“Em árabe Yassir significa ‘deixar as coisas mais fáceis’ e como um empresário operando no Magreb, nós sentimos a responsabilidade de ajudar as pessoas que atendemos”, afirmou Tayebi, em conversa com a IFC (Corporação Financeira Internacional).
O Magreb é uma região do noroeste da África que abrange Marrocos, Argélia e Tunísia. Algumas definições ainda incluem a Mauritânia e a Líbia.
Para evitar a disseminação do coronavírus na região, os países magrebinos determinaram a quarentena no fim de março. Com o isolamento, mais de 90 milhões de pessoas tiveram que ficar em suas casas.

Sala de aula virtual
No Marrocos, onde as aulas estão suspensas desde 16 de março, a startup eDukaty oferece aulas virtuais. A meta é preparar estudantes para exames de admissão nas melhores escolas de negócios e engenharia do país. Durante a pandemia, as aulas foram disponibilizadas de forma gratuita.
“As pessoas estão sofrendo. Com pouca conexão à internet, professores não podem dar aulas de suas casas. Então, nós qualificamos professores da eDukaty em Casablanca para oferecer as aulas”, contou o cofundador da empresa Othmane Akherraz.
Médicos digitais
O DabaDoc, que liga pacientes a médicos por meio de um site e um aplicativo para celular, viu a demanda por seus serviços crescer. Atualmente, a plataforma abriga 8 mil médicos de Marrocos, Argélia e Tunísia.
“Com o início da pandemia, médicos procuraram nossa plataforma, pedindo uma expansão para todas as especialidades. O time virou a noite trabalhando para adaptar a plataforma para receber milhões de pacientes e milhares de médicos ao mesmo tempo”, afirma Zineb Kaitouni, cofundador do DabaDoc.
A crise também aumentou a demanda por equipamentos médicos. Por isso, a fabricante Viventis, da Tunísia, dobrou os esforços para criar um concentrador de oxigênio para auxiliar os pacientes.
O equipamento pode ser uma ferramenta importante para o cuidado pós-Covid-19. A empresa aguarda um certificado da União Europeia para colocar o produto no mercado.
Alimentação saudável
Outra startup tunisiana, a Farm Trust, vem ajudando pessoas a comerem de forma saudável durante a quarentena. A empresa entrega frutas e vegetais frescos da fazenda direto para casas na capital Túnis. A demanda cresceu 300% desde o início da crise.
A Farm Trust entrega 80 caixas de alimentos diariamente para os clientes e contratou funcionários do setor de turismo que foram demitidos, afirmou o cofundador Wessim Khiari. A startup ainda doa 10% das vendas para famílias carentes.