Médicos refugiados integram combate do Covid-19 na América Latina

Governos da região já tomam medidas para autorizar a atuação desses profissionais nos sistemas locais de saúde

Com demanda superaquecida por profissionais da saúde, os países da América Latina têm recrutando refugiados e migrantes para auxiliar no combate ao coronavírus. Em alguns casos, mesmo quem não concluiu a revalidação do diploma já está empregado.

O Peru autorizou o trabalho desses profissionais estrangeiros, mas apenas aqueles que já tem diploma regularizado no país. Já na Argentina e no Chile, como medida extraordinária, foi liberado o trabalho até para quem não concluiu a revalidação.

O Ministério da Saúde argentino apresentou nesta segunda (27) um plano de saúde específico para a situação nos presídios, após o país enfrentar tumultos por causa da gestão da pandemia do Covid-19. Nas penitenciárias, a aglomeração pode acelerar o contágio.

O temor do governo é a contaminação de presos e agentes que trabalham nesses locais. Profissionais dos sistemas penal e de saúde passarão por um treinamento para atender dentro dos presídios.

Em Cuba, que tem um alto número de refugiados com bolsas de estudo apoiadas pelo governo, estudantes a partir do terceiro ano da faculdade de medicina já podem integrar o sistema de saúde local.

No Brasil, alguns médicos cubanos foram autorizados a trabalhar no atendimento de casos do novo coronavírus. Muitos profissionais continuaram em território brasileiro mesmo após o término da participação no programa Mais Médicos, no ano passado.

O Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) atua ao lado do governo do México para desenvolver um mecanismo que permita o reconhecimento rápido de diplomas na área de saúde de refugiados e requerentes de asilo que residem no país.

Enquanto isso, o governo da Colômbia busca atrair trabalhadores de saúde venezuelanos para atuar no sistema de saúde local.

Médicos refugiados integram combate do Covid-19 na América Latina
Médico refugiado da Venezuela atua em hospital na vila de San Francisco, no Equador (Foto: Jaime Giménez/UNHCR)

Cautela

Durante uma entrevista coletiva da OMS (Organização Mundial de Saúde), médica Maria Van Kerkhove afirmou que os países da América Latina ainda tem tempo de evitar um “surto massivo”, desde que os governos tomem medidas de maneira rápida.

“Vemos uma tendência crescente no número de casos em muitos países da América Central e do Sul, e isso nos preocupa. Vemos como os casos podem dobrar em três a quatro dias”, explica.

A OMS alerta que países com um baixo número de casos devem tomar cuidado, pois evidências apontam que a população desses locais continua suscetível ao vírus.

“Embora os números sejam baixos, vemos preocupantes tendências na África, América Central e Sul, e Europa Oriental. A maioria dos países ainda está nos estágios iniciais de suas epidemias”, afirmou diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus.

Números

De acordo com dados da OMS para esta segunda (27), os países citados na reportagem somam cerca de 121,1 mil casos confirmados do novo coronavírus. Ao todo, foram registradas 6,6 mil mortes.

O Brasil aparece com o maior número de casos, cerca de 58,5 mil, e mortes, pouco mais de 4 mil. Em número de pessoas infectadas, o Peru está em segundo lugar, com 25,3 mil confirmações. Já o México aparece logo após o Brasil em número de mortes: cerca de 1,3 mil.

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