Uganda prende somali com detonador e teme escalada da violência extremista

País é um dos mais estáveis da África Oriental no que tange a ações extremistas, mas recentes episódios colocam o governo em alerta

As forças de segurança de Uganda prenderam na segunda-feira (22) um cidadão somali portando o detonador de uma bomba. O indivíduo foi detido em um hotel na cidade de Munyonyo, nas proximidades da capital nacional Kampala. As informações são do site local Garowe Online.

“O dispositivo foi descoberto pela segurança enquanto eles faziam uma busca completa no veículo, um Toyota Wish que estava sendo dirigido por Abdul Karim Mayowu, um cidadão somali de 25 anos e residente em Lungujja, na divisão de Lubaga”, disse Fred Enanga, porta-voz da polícia de Uganda.

Fred Enanga, porta-voz da polícia de Uganda (Foto: divulgação/www.upf.go.ug)

Segundo o porta-voz, o suspeito continua detido e vem sendo interrogado pela polícia. Ele afirmou que foi contratado como motorista por um outro cidadão da Somália, Muhammad Hassan, e estava encarregado de ir ao hotel buscar a mãe e os irmãos do contratante.

“É assim que ele dirigiu com este dispositivo suspeito. Já prendemos os dois e também outros companheiros próximos da família, incluindo Asili Yasin, de 40 anos, e Maxbal Masal, de 20 anos. O dispositivo com o qual ele foi encontrado pode operar ou detonar um determinado dispositivo explosivo. Agora temos o dever de rastrear o componente principal do dispositivo explosivo suspeito”, afirmou Enanga.

Na semana passada, o Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria de dois atentados a bomba em Kampala, que ocorreram em um intervalo de cerca de 5 minutos e deixaram três pessoas mortas, além de mais de 30 feridos. O grupo afirmou que dois terroristas se dirigiram a uma delegacia de polícia, enquanto um terceiro foi em direção ao prédio do parlamento. Os mortos naquele incidente foram dois civis e um policial.

Por que isso importa?

Uganda é uma das nações mais estáveis da África Oriental na questão do combate ao terrorismo. Porém, uma série de atentados recentes tem reforçado o alerta entre as forças de segurança nacionais e aumentado também a insegurança da população local.

O grupo mais atuante no país é o EI, que no final de outubro assumiu a autoria de um ataque a bomba que matou uma garçonete em um bar de Kampala. O grupo afirmou que o bar era o local onde “membros e espiões do governo dos cruzados de Uganda se reuniam”.

Atualmente, o principal reduto global do EI é justamente o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar a retomada de força da organização em todo o mundo.

O grupo extremista faz uso sobretudo do poder da internet para recrutar novos seguidores e, assim, se fortalecer globalmente. Tal estratégia ajuda o EI a contornar uma recente perda de relevância, decorrente sobretudo das restrições de circulação de pessoas impostas pela pandemia de Covid-19.

À medida em que as restrições relacionadas à pandemia diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no grupo fora das zonas de conflito. São ações empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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