EI assume autoria de ataque a bomba que matou três pessoas e feriu 36 em Uganda

Duas explosões em um intervalo de 5 minutos atingiram a capital Kampala. Presidente do país disse que dez terroristas foram mortos pela polícia

O Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria de dois atentados a bomba ocorridos em Kampala, capital de Uganda, na terça-feira (16). As duas explosões, que ocorreram em um intervalo de cerca de 5 minutos, deixaram três pessoas mortas e 36 feridas, segundo informações da rede norte-americana CNN.

Através de seu canal no Telegram, o EI afirmou que dois terroristas portando bombas se dirigiram a uma delegacia de polícia, enquanto um terceiro foi em direção ao prédio do parlamento. De acordo com Fred Enanga, porta-voz da polícia local, os mortos são dois civis e um policial.

Pouco depois do atentado, o presidente de Uganda, Yoweri Museveni, disse que sete terroristas foram mortos num confronto com as forças de segurança que se sucedeu às explosões, somando-se aos três suicidas mortos. Outros 81 suspeitos foram presos. O presidente afirmou que 22 feridos estão internados em estado crítico.

“Além de caçar terroristas, a estratégia de vigilância do país está ajudando a minimizar os danos”, disse Museveni. “Portanto, o público deve manter vigilância para verificar as pessoas nos pontos de entrada de parques de ônibus, hotéis, igrejas, mesquitas, mercados”, acrescentou.

Atentado a bomba empreendido pelo EI em Kampala, Uganda (Foto: reprodução/Twitter)

Por que isso importa?

Nos últimos anos, o EI se enfraqueceu financeira e militarmente. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos, quase sempre focados em agentes do governo e raramente contra civis. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pela organização extremista no país.

De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, Iraque e Síria, onde ainda mantem cerca de 10 mil combatentes ativos. O documento sugere, ainda, que o grupo teve considerável perda financeira recentemente, devido a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte de seus líderes.

Paralelamente à derrocada do EI, a pandemia de Covid-19 reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Entretanto, grupos jihadistas têm se fortalecido em zonas de conflito, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.

Esse cenário permitiu ao EI, particularmente, ganhar uma sobrevida, fazendo uso sobretudo do poder da internet. À medida em que as restrições relacionadas à pandemia diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no grupo fora das zonas de conflito. São ações empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.

Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regiona. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar a retomada de força da organização.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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