Violência matou mais de 600 pessoas em três meses na RD Congo, segundo a ONU

País africano registra escalada em agressões de gênero e violência sexual contra crianças, segundo representante das Nações Unidas

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

As Nações Unidas informam na segunda-feira (26) que mais de 600 pessoas foram mortas em três meses por grupos armados na República Democrática do Congo. A piora da situação de segurança ocorre em províncias como Ituri e Kivu do Norte, no leste do país africano. 

O grupo armado M23 retirou-se de áreas que ocupava “de forma fragmentada, tática e política”, de acordo com a ONU, mas segue controlando os territórios de Masisi e Rutshuru.

No Conselho de Segurança, a secretária-geral assistente para África, Martha Pobee, disse que houve um novo posicionamento ofensivo que nas últimas semanas levantou receios de reinício de confrontos por parte do M23.

Criança observa soldado da Monusco da RD Congo (Foto: Monusci/Abel Kavanagh)

O país teve uma alta da violência de gênero de 23% desde março do ano passado. Já a tendência de aumento da violência sexual contra crianças é  “particularmente terrível”.

A representante ressaltou a ação para proteger civis e as intervenções humanitárias, mas alertou que a insegurança no leste é frequentemente negligenciada pela comunidade internacional.

Para os casos de abusos, cerca de 73% ocorrem na província de Kivu do Norte. Entre as razões estão a proliferação de grupos armados em áreas que abrigam deslocados onde há violação de leis civil e humanitária.

Prevenir e responder à violência sexual

Pobee pediu urgência na oferta de mais serviços para prevenir e enfrentar a violência sexual dentro e ao redor dos locais de deslocamento, bem como para garantir melhor acesso a alimentos, água e instalações sanitárias seguras.

Ela pediu a todos os grupos armados que acabem com os confrontos e solicitou o remanejamento das forças de segurança nacional, particularmente em Ituri, restaurando a autoridade do Estado nesta área.

O informe mencionou ainda o período de transição da missão de manutenção da paz, sobre a qual observa haver “vontade das autoridades congolesas de acelerar” o processo.

Dirigindo-se às autoridades congolesas, ela pediu medidas mais enérgicas, incluindo o aumento de locais para prestar assistência e proteger os deslocados, além de assegurar uma melhor segurança e o combate à impunidade. 

Resposta humanitária muito aquém das necessidades

De uma forma sem precedentes, a resposta humanitária em território congolês está muito aquém de atender às necessidades.

Como resultado dos ataques, cerca de 6,3 milhões de congoleses fugiram de suas casas. Acima de 2,8 milhões de pessoas são das províncias de Ituri, Kivu do Norte e Kivu do Sul.

Os movimentos dos moradores aumentaram com a inflação, as epidemias e os desastres naturais, incluindo inundações de maior em Kivu do Sul. 

Mais de 470 pessoas perderam a vida e vários milhares desapareceram e foram afetados.  Ao mesmo tempo, quase 26 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar na RD Congo.

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