Ataque do Hamas inspira ações terroristas contra os EUA e Israel, diz autoridade

Diretora de Inteligência Nacional dos EUA diz ao Senado que EI e Al-Qaeda orientam seus seguidores a realizar atentados

Em depoimento ao Senado norte-americano na segunda-feira (11), Avril Haines, diretora de Inteligência Nacional dos EUA, alertou para o risco aumentado que os principais grupos terroristas representam para o país dela e também para Israel. As informações são da rede CBS News.

Segundo Haines, a crise no Oriente Médio “galvanizou a violência por parte de uma série de atores em todo o mundo e, embora seja muito cedo para dizer, é provável que o conflito de Gaza tenha um impacto geracional no terrorismo”.

Ela citou como principais ameaças os dois grupos extremistas mais poderosos do mundo. “Tanto a Al-Qaeda como o EI (Estado Islâmico), inspirados pelo Hamas, orientaram os seus apoiadores para que conduzam ataques contra os interesses israelenses e norte-americanos.”

Avril Haines, diretora de Inteligência Nacional dos EUA (Foto: x.com/ODNIgov)

O depoimento anual ao Comitê de Inteligência do Senado acompanha a avaliação anual de ameaças de 2024, relatório no qual o Gabinete da Diretora de Inteligência Nacional (ODNI, na sigla em inglês) analisa questões de segurança nacional. O documento foca em quatro países, RússiaChinaIrã e Coreia do Norte, e aborda ainda a questão climática, ciberataques e ameaças não estatais, como os jihadistas.

Concordando com relatórios recentes de outros países e entidades, o ODNI diz que os dois principais grupos extremistas globais se enfraqueceram, mas ainda representam uma ameaça. Para tanto, apostam em uma estratégia diferente da habitual, usando “pequenas células ou indivíduos inspirados” por estas organizações que conduzem ações isoladas.

África, o novo reduto

O EI consegue se manter como “uma organização global centralizada, apesar de depender de filiais regionais em resposta às sucessivas perdas de liderança durante os últimos anos”, segundo o documento assinado por Haines.

Em fevereiro de 2022, o exército norte-americano anunciou ter matado Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurashi, líder da facção. Em outubro, o próprio grupo revelou que Abu al-Hassan al-Hashimi al-Qurashi, sucessor de Abu Ibrahim, também foi morto. Um terceiro líder, Abu al-Hussein al-Husseini al-Qurashi, foi morto em abril de 2023.

A África tornou-se, então, o principal reduto do EI, onde duas facções se destacam: o Estado Islâmico no Grande Saara (EIGS) e o Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP). O Gabinete diz que esses grupos exploram “a instabilidade governamental, os conflitos comunitários e as queixas antigovernamentais para obter ganhos na Nigéria e no Sahel.” Já o Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), do Afeganistão, tornou-se um problema inclusive para o Tabelan devido a seus violentos ataques.

A situação da Al-Qaeda é semelhante. O ODNI destaca que o grupo ainda não anunciou o substituto de Ayman al-Zawahri, morto em um ataque das forças armadas dos EUA no dia 1º de agosto de 2022 no Afeganistão. A África também tem importância estratégica para a organização, com destaque para o Al-Shabaab, da Somália. Porém, ao contrário do EI-K, rival do Taleban, a Al-Qaeda tem no Afeganistão um porto seguro, dado o bom relacionamento que mantém com os radicais que hoje governam o país.

Mesmo enfraquecidos, a avaliação de risco diz que esses dois grupos ainda têm condições de conduzir ataques maiores, tendo como alvos os “aliados e interesses dos EUA em todo o mundo”. Afirma, inclusive, que essas ações podem ser perpetradas através de “materiais químicos, biológicos e radioativos.”

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