Kiev pressiona Biden para suspender restrições ao uso de armas contra a Rússia

Ucrânia quer autorização para disparar mísseis fornecidos pelos EUA contra o território russo e alega que o veto dá vantagem a Moscou

A intensificação dos apelos da Ucrânia ao governo Biden para suspender a proibição do uso de armas fornecidas pelos EUA em ataques dentro da Rússia tem gerado debates acalorados nos últimos dias entre políticos do país invadido e autoridades de Washington. As informações são da rede Voice of America (VOA).

Oleksandra Ustinova, membro do parlamento ucraniano, recentemente em visita a Washington, mostrou preocupação com a vantagem que Moscou estaria tirando dessas restrições. Segundo ela, a proibição impede o uso de armamentos como o sistema de foguetes de artilharia de alta mobilidade (HIMARS) no território do inimigo, o que estaria permitindo aos russos exibir seu equipamento ao longo da fronteira e utilizá-lo para ataques na região de Kharkiv.

“Simplesmente não podemos alcançá-los devido à proibição do uso de armas norte-americanas dentro da Rússia”, afirmou Ustinova à reportagem.

Sistema de Artilharia de Foguetes de Alta Mobilidade (Himars, na sigla em inglês) (Foto: WikiCommons)

Na semana passada, Ustinova e colegas parlamentares se reuniram com legisladores do Congresso dos EUA. Na segunda-feira (20), um grupo bipartidário de legisladores instou o secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin, a permitir que Kiev use armas de fabricação norte-americana em alvos estratégicos na Rússia.

A carta afirmava: “É essencial que a administração Biden permita aos líderes militares da Ucrânia a capacidade de conduzir uma ampla gama de operações necessárias para responder ao ataque não provocado da Rússia às suas terras soberanas”.

Após a 22ª reunião do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia na segunda-feira, Austin reiterou a política dos EUA: esperam que a Ucrânia utilize as armas fornecidas em seu próprio território. Ele enfatizou a importância de se concentrarem no combate direto e atingirem alvos que levem ao sucesso nesse tipo de confronto.

O secretário de Defesa admitiu, porém, que a situação aérea apresenta “desafios específicos” quando questionado sobre a possibilidade de a Ucrânia usar as defesas aéreas americanas para atingir bombardeiros russos na região de Kharkiv, lançando bombas do território russo.

Ouvido pela reportagem, o secretário de imprensa do Pentágono, Pat Ryder, enfatizou que o foco principal está em fornecer à Ucrânia as capacidades necessárias para se defender em seu próprio território soberano. Ele declarou: “Não vou especular sobre diferentes cenários. Nossa intenção estratégica é permitir que a Ucrânia se defenda e proteja sua soberania territorial”.

Anteriormente, Victoria Nuland, ex-secretária de Estado interina, argumentou que a Casa Branca precisava mudar sua política. Ela afirmou em entrevista à rede ABC News que, se os ataques provierem diretamente do território russo, as bases russas deveriam ser consideradas alvos legítimos. Nuland enfatizou a necessidade de aumentar a ajuda à Ucrânia para que possa atingir essas bases localizadas dentro da Rússia.

Ryder afirmou à VOA que o Departamento de Defesa manterá diálogos sobre armas ocidentais com a Ucrânia, aliados e parceiros internacionais. Mas esclareceu que, por enquanto, a política “permanece sem mudanças”. O porta-voz do Pentágono indicou que, caso haja novidades, serão compartilhadas oportunamente.

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