Biden volta a chamar Xi de ‘ditador’ após reunião entre os dois chefes de Estado

Líderes se encontraram na quarta-feira, quando o principal assunto em debate foi o apoio de Washington a Taiwan, o que irrita Beijing

“Ele é um ditador”. Assim o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se referiu mais uma vez ao homólogo chinês Xi Jinping após uma reunião de quatro horas entre os dois chefes de Estado na quarta-feira (15), em San Francisco, cidade na costa oeste norte-americana. As informações são da rede Fox News.

“Bem, veja, ele é”, disse Biden. “Ele é um ditador no sentido de que é um cara que dirige um país que é comunista, que se baseia em uma forma de governo totalmente diferente da nossa”, completou.

A declaração reforça uma manifestação do líder norte-americano feita em junho, quando chamou Xi de ditador pela primeira vez, após um incidente envolvendo um suposto balão espião enviado pela China que sobrevoou os Estados Unidos.

Na ocasião, Biden disse que Xi não tinha conhecimento do balão e completou: “É uma grande vergonha para os ditadores quando eles não sabem o que aconteceu.” Em resposta, Beijing classificou a declaração como “uma provocação política descarada” e “extremamente absurda e irresponsável.”

O presidente da China, Xi Jinping, durante cúpula China-EUA: ditador (Foto: twitter.com/SpokespersonCHN)
Taiwan no centro do debate

Deste vez, as palavras surgem após uma cúpula EUA-China na qual o principal assunto debatido foi Taiwan. Trata-se de uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas Forças Armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.

Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

A crise ganhou contornos mais dramáticos após a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, em agosto de 2022. Foi a primeira pessoa ocupante do cargo a viajar para Taiwan em 25 anos, atitude que mexeu com os brio de Beijing. Em resposta, o exército da China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha, com tiros reais e testes de mísseis em seis áreas.

Taiwan foi o principal assunto debatido entre Biden e Xi no encontro de quarta-feira, quando o líder chinês teria afirmado que a questão é a “mais importante e mais sensível nas relações China-EUA”, segundo relatou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying.

“O lado dos EUA deveria tomar medidas reais para honrar seu compromisso de não apoiar a ‘independência de Taiwan’, parar de armar Taiwan e apoiar a reunificação pacífica da China. A China realizará a reunificação, e isso é imparável”, disse ela através da rede social X, antigo Twitter.

De acordo com a agência Reuters, Biden teria respondido que a prioridade norte-americana é “manter a paz e a estabilidade.” Embora tenha concordado que uma solução pacífica é a prioridade, Xi ecoou as palavras da porta-voz ministerial ao afirmar que “em algum momento precisamos avançar em direção a uma resolução mais geral.”

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