Balão espião chinês coletou informações de locais militares sensíveis dos EUA

Objeto foi capaz de enviar em tempo real a Beijing informações confidenciais por meio de sinais eletrônicos, disseram autoridades

O balão espião chinês que sobrevoou os Estados Unidos por oito dias antes de ser derrubado em fevereiro por um caça F-22 na costa da Carolina do Sul coletou informações de vários locais militares sensíveis, apesar dos esforços do governo Biden para impedir, disseram autoridades. O incidente gerou um mal-estar diplomático entre os dois países As informações são da rede NBC News.

Enquanto sobrevoava localizações importantes, o balão transmitia instantaneamente a Beijing as informações coletadas, disseram dois atuais e um ex-alto funcionário do governo dos EUA à reportagem. Tal serviço de inteligência chinês pode ter captado sistemas de armas ou comunicações do pessoal da base.

De acordo com as fontes, a China teria conseguido obter muito mais informações se não fosse a intervenção de Washington, que protegeu alvos em potencial e impediu a transmissão de sinais em áreas-alvo.

Balão foi abatido por um míssil disparado por um caça F-22 do exército dos EUA (Foto: Twitter/Reprodução)

O balão era equipado com um mecanismo de autodestruição que poderia ter sido ativado remotamente. No entanto, as autoridades dos EUA disseram que não está claro se isso não aconteceu porque o dispositivo falhou ou porque Beijing decidiu não usá-lo.

O objeto voador abatido carregava grandes painéis solares capazes de executar vários sensores de dados. Um alto funcionário do Departamento de Estado disse que as fotografias de alta resolução tiradas por aviões espiões U-2 “revelaram que o balão de alta altitude era capaz de conduzir operações de coleta de sinais de inteligência”.

“Tinha várias antenas para incluir uma matriz provavelmente capaz de coletar e geolocalizar comunicações”, acrescentou o funcionário.

De acordo com as fontes, o programa de espionagem chinês possui vários balões semelhantes e teria realizado pelo menos 20 missões em 40 países de cinco continentes nos últimos anos. Washington não sabe qual o tamanho exato da frota.

Autoridades dos EUA detalharam que o balão chinês era do tamanho de três ônibus do tipo escolar e entrou na zona de defesa aérea do país ao norte das Ilhas Aleutas, no Alasca, no dia 28 de janeiro. De lá, atravessou a península conhecida como a “fronteira final” do país e entrou no espaço aéreo canadense em 30 de janeiro, antes de cruzar de volta para território norte-americano pelo norte do Estado de Idaho no dia seguinte.

Desde a derrubada, Washington investiga o programa de balões espiões da China, conduzindo análises do hardware para buscar entender ao máximo as capacidades técnicas da esfera, com atenção especial para o tipo de coleta de dados que ela pode realizar, bem como com quais satélites tinha conexão. 

Balão “rebelde”

Beijing condenou o ato e justificou que a esfera branca vista por lá, na verdade, se tratava de um balão de pesquisa meteorológica “rebelde”, ou seja, que desviou de forma “completamente acidental” para o espaço aéreo norte-americano. 

A China também definiu a medida como “uma óbvia reação exagerada e uma grave violação da prática internacional”, agravando as tensões políticas entre os países rivais. 

O incidente reacendeu a discussão sobre os chamados “balões de espionagem”, bem como o uso de uma tecnologia tida como antiquada na espionagem moderna em plena era dos satélites. Ultrapassada há séculos, diga-se, já que balões do gênero foram introduzidos durante as guerras revolucionárias francesas, em 1794. Também foram usados ​​na década de 1860, durante a guerra civil americana.

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