Canadá implica ministro indiano em campanha que levou a assassinato de ativista

Autoridade canadense diz que foi o ministro do Interior Amit Shah quem ordenou uma campanha de violência contra separatistas sikh

O vice-ministro das Relações Exteriores do Canadá, David Morrison, acusou o ministro do Interior da Índia, Amit Shah, de ordenar uma campanha de violência contra separatistas em território canadense. A perseguição culminou com a morte de um líder do movimento, Hardeep Singh Nijjar, na Colúmbia Britânica, em junho de 2023. As informações são da agência Associated Press (AP).

O envolvimento de Shah foi relatado primeiramente pelo jornal The Washington Post, em meados de outubro. Então, nesta semana, Morrison oficializou a acusação ao falar a membros do comitê parlamentar de segurança nacional do Canadá. Ele contou que foi questionado por um jornalista se o ministro indiano estava envolvido e apresentou uma resposta afirmativa.

Foi o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau quem sugeriu o envolvimento de autoridades indianas no assassinato de Singh Nijjar. Até este mês, porém, não se sabia quem exatamente eram as figuras ligadas ao caso, até a revelação do nome do ministro do Interior.

Líder separatista sikh Hardeep Singh Nijjar (Foto: Facebook/reprodução)

Do lado canadense, a alegação é a de que compartilhou com o governo da Índia evidências do envolvimento de suas autoridades na campanha de violência e no assassinato de Singh Nijjar. Nova Délhi, por sua vez, diz que não recebeu nenhuma prova e classifica as acusações como absurdas.

Ao denunciar a responsabilidade de Nova Délhi, Trudeau convocou seus aliados, inclusive os EUA, para que condenassem publicamente a ação indiana no Canadá, mas foi ignorado. Na sequência, entretanto, Washington se viu na obrigação de ingressar no caso ao registrar um episódio semelhante.

Em novembro de 2023, o Departamento de Estado norte-americano acusou a Índia de ligação com uma tentativa de assassinato contra um separatista sikh em Nova York, com participação direta de um funcionário público. Na semana passada, um processo conduzido nos EUA identificou um ex-oficial de inteligência indiano, Vikash Yadav, como o chefe da trama.

A acusação envolve não apenas Yadav, que teria atuado a partir do território indiano para orquestrar o assassinato de Gurpatwant Singh Pannun. Outro envolvido na conspiração é Nikhil Gupta, preso na República Tcheca e alvo de um processo de extradição para o território norte-americano.

Gupta teria entrado em contato com um suposto aliado nos EUA, e este indicaria um assassino de aluguel para cometer o crime. O indivíduo que faria a conexão, entretanto, era na verdade um agente da polícia norte-americana infiltrado.

O governo indiano disse que leva a sério as acusações e que uma investigação foi estabelecida para  “para analisar todos os aspectos relevantes da questão”.

Tags: