A Cosco Shipping Ports, empresa estatal chinesa com sede em Hong Kong, resolveu comprar briga com o governo do Peru e afirma que não abrirá mão do direito de operar o Porto de Chancay, investimento bilionário que deve entrar em operação ainda neste ano. Lima tenta desfazer o acordo, mas encontra resistência da companhia. As informações são da agência Reuters.
O direito exclusivo de operação do porto, que começou a ser construído em 2019, foi concedido à Cosco em 2021 pela Autoridade Portuária do Peru. Em março deste ano, já com as obras no estágio final, o órgão voltou atrás em sua decisão e alegou que jamais teve competência legal para fazer tal concessão, o que tornaria o contrato inválido. Alegou que um “erro administrativo viabilizou” o acordo.
A Cosco, entretanto, não aceita o argumento e afirma que tem o direito legítimo de operar o porto sozinha, com base nos “termos que foram acordados no início deste investimento.”
Orçado em US$ 3,5 bilhões, o porto foi construído dentro da na Nova Rota da Seda (em inglês Belt and Road Initiative, ou BRI), uma iniciativa do presidente chinês Xi Jinping centrada no investimento em infraestrutura e que visa a espalhar a influência de Beijing pelo mundo.
O porto, cujas obras estão 70% concluídas, marcou uma importante vitória da China sobre os EUA no comércio com a América Latina, região que desde 2018 tem em Beijing seu maior parceiro comercial. Entre os mais de 150 países inseridos na Nova Rota da Seda, 22 são latino-americanos.
Chancay servirá como porta de entrada para a China na América do Sul, onde Beijing vem aumentando consistentemente sua presença, e fortalecerá também a relação com o Brasil, sob a perspectiva de facilitar o comércio entre os países.
Entre os principais produtos que passarão por Chancay está a soja brasileira, que atualmente segue em direção à Ásia pelo Canal do Panamá e contornando o Atlântico. O trajeto, agora, será bem mais curto.
Diante do impasse, o governo do Peru e a Cosco iniciaram negociações em busca de uma solução amigável. Ambos afirmam que o objetivo é evitar que o caso seja resolvido com base em um processo de arbitragem internacional.