Condições de cessar-fogo de Putin são repudiadas por EUA, Ucrânia e Otan

Kiev e aliados rejeitaram imediatamente o acordo, que cederia mais de um quinto do território ucraniano a Moscou

As condições para um cessar-fogo na Ucrânia estabelecidas na sexta-feira (14) pelo presidente russo Vladimir Putin foram mal recebidas pelos Estados Unidos, Kiev e Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O chefe do Kremlin afirmou que interromperia sua ofensiva no país invadido se Kiev se retirasse dos territórios reivindicados por Moscou e desistisse de tentar aderir à Aliança Atlântica. As informações são de rede Voice of America (VOA).

O secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin, afirmou que Putin ocupou ilegalmente território ucraniano e “não tem o direito de ditar os termos para a paz”. Austin também declarou que o líder russo poderia encerrar o conflito imediatamente se quisesse, e pediu que ele deixasse o “território soberano” da Ucrânia.

A proposta foi apresentada um dia antes de a Suíça sediar uma conferência de paz de dois dias focada no conflito entre Rússia e Ucrânia. O evento contou com a participação de representantes de pelo menos 90 países e organizações, incluindo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, a vice-presidente dos EUA Kamala Harris, os líderes do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido, os ministros das Relações Exteriores da Turquia e da Hungria, além de uma delegação da Índia.

Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, em fotografia de 2021 (Foto: WikiCommons)

Putin declarou que Moscou só cessaria sua ofensiva se Kiev se rendesse, retirasse suas tropas do leste e sul do país – dos quatro territórios ocupados pela Rússia: Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporizhzhia –, abandonasse a candidatura à Otan e reconhecesse a anexação da Crimeia. Zelensky reagiu afirmando que a proposta de cessar-fogo é “um ultimato pouco confiável”.

Falando ao canal de notícias italiano SkyTG24 durante a cúpula do G7, Zelensky mostrou ceticismo sobre o chefe do Kremlin interromper seus avanços militares, mesmo que suas exigências de cessar-fogo fossem atendidas.

Zelensky comparou as ambições de Putin ao expansionismo de Hitler antes da Segunda Guerra Mundial, afirmando que as mensagens de ultimato do russo são similares às do passado e “não são dignas de confiança”.

Já o conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, criticou as condições de Putin como “absurdas”, acusando-o de tentar fazer a Ucrânia renunciar à sua soberania geopolítica, segundo declarações à feitas à agência Reuters.

Enquanto isso, os aliados da Ucrânia reforçaram seu compromisso com Kiev. Na sexta-feira, os ministros da defesa da Otan finalizaram um acordo que amplia o controle da aliança sobre a assistência militar e o treinamento para a Ucrânia. Os países da Aliança fornecem mais de 99% de todo o suporte militar a Kiev, o que justifica um papel mais proeminente da Otan nesses esforços, conforme destacou o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg.

O anúncio foi uma reação aos atrasos nas entregas de ajuda por parte dos países ocidentais. Esses atrasos, após extensos debates no Congresso em Washington sobre o apoio à Kiev, são considerados pelos aliados da aliança militar como fatores que contribuíram para os recentes progressos russos no campo de batalha.

O novo plano amplia os esforços do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia (UDCG), liderado pelos Estados Unidos, que inclui aproximadamente 50 países e visa coordenar a assistência militar para Kiev.

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