A venezuelana Maria Corina Machado foi anunciada pelo Comitê Nobel Norueguês como a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, em reconhecimento à sua luta pela defesa dos direitos democráticos na Venezuela e à promoção de uma transição pacífica para a democracia. A líder da oposição é a primeira mulher latino-americana a receber o prêmio em mais de uma década. As informações são do Economic Times.
A possibilidade de o prêmio ser concedido ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, havia ganhado força nas semanas anteriores, após sua participação em um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. No entanto, o Comitê Nobel manteve sua tradição de priorizar contribuições de longo prazo à paz e à fraternidade internacional, destacando o trabalho silencioso e persistente de figuras e instituições que defendem os direitos humanos.

Segundo a Fundação Nobel, Machado representa “uma defensora corajosa e comprometida da paz, uma mulher que mantém a chama da democracia acesa em meio à escuridão crescente”. O reconhecimento a coloca ao lado de nomes históricos que resistiram à repressão e lutaram por liberdade em contextos autoritários.
Nascida em 1967, Maria Corina Machado cresceu em uma família envolvida na vida pública e intelectual venezuelana. Formou-se em Engenharia Industrial pela Universidade Católica Andrés Bello e fez mestrado em Finanças no Instituto de Estudos Superiores de Administração (IESA). Em 2009, participou do programa World Fellows da Universidade de Yale, que ampliou sua visão global sobre reformas democráticas.
Antes de entrar na política, Machado fundou a Fundación Atenea, voltada ao apoio de crianças em situação de vulnerabilidade, e posteriormente presidiu a Fundación Opportunitas, dedicada ao desenvolvimento social. Sua projeção nacional veio com a criação da organização civil Súmate, que promove transparência eleitoral e defende a participação cidadã.
Por mais de duas décadas, Machado trabalhou para unificar a fragmentada oposição venezuelana em torno de eleições livres e de um governo representativo.
“Foi uma escolha entre votos e balas”, declarou, reforçando seu compromisso com o engajamento político pacífico, mesmo sob a sombra da repressão.
A Venezuela vive sob um regime autoritário há mais de 20 anos, com repressão sistemática à oposição, prisões arbitrárias e censura à imprensa. Estima-se que cerca de 8 milhões de venezuelanos tenham deixado o país. Em 2024, Machado foi impedida de disputar as eleições presidenciais, apoiando o candidato Edmundo González Urrutia, que venceu o pleito segundo a contagem paralela da oposição. O governo, no entanto, se recusou a reconhecer os resultados.
Ao anunciar o prêmio, o Comitê Nobel afirmou que “a democracia é uma pré-condição para uma paz duradoura” e que o trabalho de Machado simboliza esse princípio. Sua trajetória demonstra que as ferramentas democráticas, o voto, a participação cívica e a defesa dos direitos fundamentais, são também instrumentos de paz.