Washington retoma sanções após a Venezuela vetar candidata presidencial

Medida foi anunciada após veto à líder da oposição Maria Corina Machado, que não poderá exercer cargos públicos por 15 anos

Os Estados Unidos voltaram atrás em sua decisão de aliviar as sanções impostas à Venezuela e anunciaram novas restrições ao setor de mineração do país. A medida foi justificada como uma represália, após a corte superior venezuelana desqualificar uma candidata presidencial da oposição. As informações são da agência Al Jazeera.

Empresas dos EUA que negociam com a estatal de mineração venezuelana Minerven têm até 13 de fevereiro para encerrar suas transações com a companhia, de acordo com o anúncio feito na segunda-feira (29) pelo OFAC (sigla em inglês para Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros), do Departamento do Tesouro.

Washington ainda avisou Caracas que pode revogar algumas isenções de sanções concedidas no ano passado, relacionadas a um acordo para o país sul-americano realizar eleições abertas em 2024.

Maria Corina Machado, líder da oposição venezuelana (Foto: Agência Senado/Flickr)

Porém, na semana passada, o Supremo Tribunal da Venezuela, alinhado ao governo de Nicolás Maduro, confirmou que a líder da oposição Maria Corina Machado não poderá ocupar cargos públicos por 15 anos, enquanto o possível substituto dela, Henrique Capriles, está inelegível.

Maria criticou a decisão do tribunal como “criminalidade judicial” e afirmou que continuará na disputa, destacando que a decisão reflete o receio do partido no poder de enfrentá-la nas urnas.

“Os Estados Unidos permanecem fortemente comprometidos em apoiar o diálogo entre as partes e as aspirações do povo venezuelano por um futuro democrático”, disse em comunicado o Departamento de Estado. “Vamos continuar colaborando com a comunidade internacional e todos os intervenientes democráticos pacíficos em todo o espectro político na Venezuela, utilizando os meios disponíveis para incentivar o retorno aos princípios do acordo de Barbados”.

Sanções

O governo de Maduro havia gerado expectativas ao fechar um acordo com a oposição venezuelana no ano passado para realizar um pleito aberto em 2024. O acordo resultou na flexibilização das sanções dos EUA, permitindo à Chevron retomar a extração limitada de petróleo e possibilitando uma troca de prisioneiros.

As sanções foram impostas pelo então governo de Donald Trump para deter todas as exportações de petróleo da Venezuela e, assim, dificultar o controle de Maduro sobre o país.

No entanto, na segunda, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, indicou que o governo de Maduro não cumpriu as ações prometidas, gerando a possibilidade de novas sanções. O parlamentar venezuelano Jorge Rodriguez, que lidera as negociações de Maduro com a oposição, afirmou que a resposta da Venezuela seria serena, recíproca e enérgica caso os EUA tomassem alguma ação agressiva.

Aos 56 anos, Maria, uma ex-parlamentar, venceu a primária presidencial da oposição com mais de 90% dos votos em outubro. Mesmo com o governo tendo anunciado previamente a proibição de 15 anos em cargos públicos, a candidata participou porque a primária foi organizada de forma independente.

Maria alegou nunca ter recebido notificação oficial da proibição. Em dezembro, ela entrou com uma ação na justiça buscando anular a proibição, mas o tribunal manteve a decisão, alegando fraude e violações fiscais e acusando-a de buscar as sanções econômicas dos EUA à Venezuela.

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