Erosão provocada pelo homem ameaça a existência de uma vila em Belize

Alta do mar chegou a levar embora os corpos de pessoas enterradas em Monkey River, no sudeste do país da América Central

O aumento do nível do mar está ameaçando a própria existência de Monkey River, uma vila costeira no sudeste de Belize. Com o apoio da ONU (Organização das Nações Unidas), a comunidade está tentando conter a maré e proteger o que restou.

“Minha avó e meu avô agora foram levados pelo mar”, diz Mario Muschamp, olhando para a costa perto de sua unida comunidade crioula. “Você sabe, seus túmulos se foram. Isso realmente dói”.

Essa é a realidade dos habitantes de Monkey River, que assistem, impotentes, enquanto seu campo de futebol, suas casas e até os túmulos de entes queridos falecidos são tomados pelo mar.

A atividade antrópica foi identificada por especialistas como a principal causa da erosão costeira que está devastando a vila e causando sofrimento profundo. Os maiores responsáveis são a mineração industrial de sal e o desvio de água, e a situação piorou a ponto de alguns membros da comunidade terem se mudado.

Outros, porém, decidiram ficar e lutar. Nas palavras da professora local Audra Castellanos, “colocaram Monkey River de volta no mapa”.

Vila de Monkey River, em Belize (Foto: WikiCommons)

Muschamp é o presidente da Monkey River Watershed Association, uma organização comunitária que trabalha para conservar e restaurar a integridade de toda a Bacia do Monkey River e garantir que continue a fornecer uma infinidade de benefícios aos residentes locais e ao ecossistema costeiro.

Para isso, a Associação das Bacias Hidrográficas de Monkey River fez parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para instalar cento e sessenta pés de “geotubos” cheios de areia em frente às propriedades mais ameaçadas.

Os moradores estão se unindo ao PNUD para instalar os geotubos, enormes sacos de areia sintéticos que criam barreiras físicas à energia das ondas e à erosão, além de tomar outras medidas para retardar a desintegração da linha costeira.

“A vila de Monkey River é uma daquelas comunidades costeiras que priorizamos”, disse Leonel Requena, coordenador nacional do Programa de Pequenas Doações do PNUD. “Os habitantes de Monkey River não são responsáveis pela crise climática, mas são eles que sofrem as maiores perdas e danos. O que precisamos é de justiça climática”.

A história de Monkey River é sobre um centro de biodiversidade onde o rio encontra o mar. Mas, mais do que isso, é sobre uma comunidade que, como tantas outras, está unindo forças para virar a maré na mudança climática, com o apoio das Nações Unidas.

Desde que um documentário em vídeo sobre a comunidade foi produzido pelas Nações Unidas, em 2022, mais uma casa foi reivindicada pelo mar. Mas os moradores que resolveram proteger sua aldeia dizem que nada vai acabar com a determinação de combater a erosão costeira.

“Temos feito o possível para tentar manter o que temos”, disse Muschamp. “Não quero ver mais sepulturas indo para o mar”.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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