EUA acusa presidente de Honduras de elos com narcotráfico; governo nega

Presidente Juan Orlando Hernández foi acusado de receber propina e facilitar o trânsito de drogas aos EUA em 2013

Promotores federais de Nova York acusaram o presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, de receber milhões de dólares de traficantes de drogas para ajudar a exportar toneladas de cocaína para os EUA. A alegação foi feita no último domingo (10).

Ligado ao narcotráfico de Honduras, Geovanny Fuentes Ramírez citou o presidente em uma delação. Ramírez dirigia um laboratório responsável pela produção de centenas de toneladas de cocaína por mês, informou o “The Wall Street Journal”.

No mesmo dia, o governo de Honduras classificou as acusações como “falsas e infundadas”, de acordo com nota divulgada pela Casa Presidencial.

Governo de Honduras nega relação de Hernández com narcotráfico
O presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, em pronunciamento na capital hondurenha, Tegucigalpa, em agosto de 2016 (Foto: Presidência de El Salvador)

“A versão de que o presidente aceitou dinheiro da droga ou deu proteção ou coordenação a traficantes de drogas é 100% falsa”, disse a assessoria de Hernández.

As denúncias seriam “retaliação” ao dinheiro que os criminosos perderam no combate ao crime organizado, afirmou o governo. “Para reduzir suas penas, optaram por fazer uma série de afirmações infundadas”.

Casos ocorreram em 2013

Na delação, Hernández não é mencionado pelo nome, mas pelo código “CC-4” – ou co-conspirador número quatro. As denúncias datam de 2013, quando o presidente era o líder do Congresso.

O dinheiro recebido seria destinado para a campanha eleitoral do hoje presidente, disse o delator. Hernández venceu as eleições em 2014 e foi reeleito em 2017 sob diversas acusações de fraude.

Em um trecho, Ramírez relata que o plano de Hernández era fazer com que a DEA (Agência dos EUA contra as Drogas, em inglês) o julgasse como um adversário do narcotráfico. “Mas ele disse que colocaria [as drogas] debaixo do nariz dos gringos”.

Com vinculações a cartéis de drogas de Honduras e do México, um tribunal de Nova York categorizou o político como um narcotraficante de “grande escala”. Seu irmão mais novo, Juan Antonio Hernández, foi preso por tráfico de drogas nos EUA em outubro de 2019.

Aliado de Donald Trump, Hernández implementou políticas para desestimular a imigração ilegal para os EUA. O país é uma das principais origens de imigrantes sem documentos em território norte-americano.

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