EUA anunciam novas sanções a empresas do Irã acusadas de vender drones à Rússia

Também foram sancionados dois indivíduos que teriam intermediado a venda do armamento aos mercenários do Wagner Group

O Departamento do Tesouro norte-americano impôs novas sanções a empresas iranianas acusadas de atuar no processo de produção e venda de drones militares à Rússia, que tem usado o armamento na guerra atualmente em curso na Ucrânia.

A lista é encabeçada pela Shahed Aviation Industries Research Center, empresa responsável pelo projeto e produção dos UAVs (veículos aéreos não tripulados, da sigla em inglês) da série Shahed usados ​​pelas forças russas na Ucrânia. Outras duas empresas, a Success Aviation Services FZC e a i Jet Global DMCC, foram sancionadas por facilitar a transferência dos drones.

Além das companhias, dois indivíduos entraram na lista de sanções dos EUA. São eles Abbas Djuma e Tigran Khristoforovich Srabionov, acusados de participar do processo de venda dos UAVs ao Wagner Group, uma organização paramilitar formada por mercenários que oferecem apoio militar às forças armadas de Moscou.

“Como demonstramos repetidamente, os Estados Unidos estão determinados a sancionar pessoas e empresas, não importa onde estejam localizadas, que apoiem a invasão injustificada da Ucrânia pela Rússia. A ação de hoje expõe e responsabiliza empresas e indivíduos que permitiram o uso pela Rússia de UAVs construídos no Irã para brutalizar civis ucranianos”, disse a secretária do Tesouro Janet L. Yellen.

O antigo modelo 129 do drone iraniano Shahed (Foto: WikiCommons)

O próprio Wagner Group foi redesignado pelo Tesouro, tendo sido sancionado pela anteriormente em 2017 “por ser responsável ou cúmplice, ou ter se envolvido, direta ou indiretamente, em ações ou políticas que ameaçam a paz, segurança, estabilidade, soberania ou integridade territorial da Ucrânia”.

As sanções significam que eventuais bens que os sancionados tenham nos EUA devem ser bloqueados e reportados às autoridades. Pessoas e entidades em geral são proibidas de negociar com os sancionados, e “qualquer instituição financeira estrangeira que conscientemente facilite uma transação significativa ou forneça serviços financeiros significativos para qualquer uma das pessoas ou entidades designadas hoje pode estar sujeita a sanções”.

Civis afetados

Nos últimos meses, têm se acumulado evidências de que “drones suicidas” iranianos vêm sendo usados por Moscou para atacar não apenas as tropas de Kiev, mas também a infraestrutura essencial ucraniana. O resultado é um país sem energia elétrica, água potável nas torneiras e gás para manter seus cidadãos aquecidos durante o inverno que se aproxima.

Hossein Amirabdollahian, ministro das Relações Exteriores iraniano, comentou recentemente a denúncia de que seu país fornece inclusive mísseis balísticos a Moscou. “Os comentários sobre a parte dos mísseis estão completamente errados, e a parte dos drones está correta. Demos um número limitado de drones à Rússia meses antes da guerra na Ucrânia”, disse ele, segundo a agência Al Jazeera.

Inclusive, na semana passada, a rede britânica Sky News publicou uma reportagem dizendo que aviões militares russos teriam levado a Teerã, no Irã, 140 milhões de euros em dinheiro e armamento ocidental apreendido na Ucrânia. A carga teria sido entregue ao governo iraniano em uma troca por drones.

No fim de outubro, o governo dos EUA disse ter evidências de que o Irã enviou também especialistas para orientar as tropas russas sobre o funcionamento dos drones. John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, declarou que um “número relativamente pequeno” de instrutores da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) está na Ucrânia.

Amirabdollahian não comentou a última denúncia, mas deu a entender que seu governo se opõe ao uso dos drones no conflito atual. “Enfatizamos às autoridades ucranianas que, se houver evidências sobre o uso de drones iranianos na guerra da Ucrânia pela Rússia, eles devem nos apresentar”, afirmou. “Se nos for provado que a Rússia usou drones iranianos na guerra da Ucrânia, não ficaremos indiferentes”.

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