O Departamento de Justiça dos EUA anunciou na sexta-feira (27) acusações criminais contra três hackers iranianos, que trabalhavam para a Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), instituição militar oficial do Irã, por invadir e comprometer as contas de e-mail de assessores da campanha de Donald Trump e de outras pessoas. As informações são da Reuters.
A acusação afirma que o ataque cibernético faz parte de uma tentativa de Teerã de enfraquecer a confiança no processo eleitoral dos Estados Unidos às vésperas das eleições presidenciais de novembro. A acusação representa o mais recente esforço do governo Biden para combater tentativas estrangeiras de interferir na eleição entre o ex-presidente Trump, do Partido Republicano, e a vice-presidente Kamala Harris, sua rival democrata.
Masoud Jalili, Seyyed Ali Aghamiri e Yasar Balaghi foram acusados de tentar sabotar a campanha do ex-chefe da Casa Branca, conforme declarou o procurador-geral Merrick Garland, que destacou o aumento da atividade cibernética iraniana neste ciclo eleitoral.
A acusação detalhou que as contas de e-mail pessoais de um ex-diretor adjunto da CIA, um ex-funcionário do Departamento de Defesa e de uma pessoa que aparenta ser o ex-conselheiro de Trump, Roger Stone, também foram invadidas.
O FBI iniciou uma investigação após a campanha de Trump ter afirmado no mês passado que havia sido alvo de um ataque hacker, sugerindo envolvimento do Irã, embora não tenha apresentado provas concretas. Os três indivíduos enfrentam acusações de fraude eletrônica, conspiração para acessar informações de computadores protegidos e fornecimento de apoio material a uma organização terrorista. Garland informou que as campanhas de Trump e Kamala estão colaborando com a investigação.
Os acusados estão fora da jurisdição dos Estados Unidos, e ainda não se sabe quando, ou se algum dia, as autoridades americanas conseguirão detê-los.
O diretor do FBI, Christopher Wray, informou que os hackers criaram contas de e-mail falsas, se passando por autoridades americanas, tanto atuais quanto antigas, além de outras organizações e figuras públicas. Em seguida, realizaram ataques de spear-phishing, enganando pessoas ligadas à campanha de Trump para que abrissem e-mails que continham malware. Em seguida, exploraram o acesso não autorizado para enganar outras pessoas e roubar mais informações confidenciais.
Diversas empresas de tecnologia têm monitorado e reportado ameaças de hackers estrangeiros aos Estados Unidos, incluindo aquelas originadas do Irã.
Na quinta-feira (26), o Irã negou as acusações, afirmando que as alegações de ataques contra ex-funcionários dos EUA eram infundadas.
Ataques crescentes
Em agosto, pesquisadores da Microsoft revelaram que hackers ligados ao governo iraniano tentaram acessar a conta de um “alto funcionário” de uma campanha presidencial dos EUA em junho, pouco depois de terem invadido a conta de um funcionário público americano. As informações são da agência Reuters.
De acordo com o relatório, os ataques fazem parte de um esforço crescente por parte de grupos iranianos para interferir nas eleições presidenciais dos EUA em novembro. O documento não ofereceu mais informações sobre o alto funcionário envolvido.
O relatório foi divulgado após declarações recentes de altos funcionários da inteligência norte-americana, que afirmaram ter notado um aumento no uso de contas falsas em redes sociais por parte de Teerã, com a intenção de causar divisões políticas nos Estados Unidos.