As Forças Armadas norte-americanas tiveram que ampliar temporariamente seu contingente no Alasca durante os últimos dias devido à presença de aeronaves e embarcações russas na região. A informação, divulgada pela agência Associated Press (AP), partiu de um porta-voz militar, segundo quem os soldados destacados já retornaram às bases de origem.
Embora o espaço aéreo norte-americano não tenha sido violado, oito aviões militares, dois navios e dois submarinos russos foram identificados nas imediações do Alasca, onde antes havia ocorrido um exercício militar realizado por Moscou em parceria com a China.
O sargento de primeira classe Michael Sword, porta-voz da 11ª Divisão Aerotransportada, disse que a situação não chega a ser preocupante, reforçando o discurso cauteloso do Pentágono. Segundo ele, além dos cerca de 130 combatentes, lançadores de foguetes também haviam sido deslocados para uma ilha remota do Alasca como medida de precaução.
A movimentação militar ocorre devido à proximidade entre territórios dos dois países. Embora as porções terrestres sejam separadas pelo Estreito de Bering, a menor distância entre Rússia e EUA é, teoricamente, de apenas 3,8 quilômetros. Trata-se da distância entre a ilha russa de Diomedes Maior e a ilha norte-americana de Diomedes Menor, esta perto do Alasca.
O espaço aéreo e as águas territoriais dos EUA se estendem por 12 milhas náuticas (aproximadamente 22 quilômetros) a partir da costa, enquanto a Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) do Alasca, onde costumam surgir os jatos de Moscou, se estende por 150 milhas da costa (cerca de 277 quilômetros). A partir deste ponto, as aeronaves são obrigadas a se identificar.
Segundo Sword, os militares e o armamento foram implantados no Alasca no dia 12 de setembro, após o Comando de Defesa Aeroespacial Norte-Americano (Norad), que engloba também as forças do Canadá, identificar os aviões russos operando na área, com jatos avistados entre 11 e 15 deste mês.
Já os submarinos e navios russos chegaram a cruzar a fronteira marítima para águas dos EUA a fim de evitar choque com gelo marinho, o que é permitido sob regras e costumes internacionais.
“É uma ótima oportunidade de nos testarmos em condições do mundo real e é outro benefício de estarmos alocados em um lugar como o Alasca”, disse o porta-voz, que tratou a situação como um exercício militar de prontidão.
A presença russa, embora desta vez tenha levado a uma reação incomum, não chega a ser novidade. O Norad diz que em média identifica entre seis e sete jatos russos por ano na região, mas a presença deles se intensificou ultimamente. Em julho, bombardeiros chineses foram avistados junto das aeronaves russas, fruto das manobras militares coordenadas pelos dois países em parceria.