Governo norte-americano intensifica sanções contra setor energético da Rússia

Indústria petrolífera de Moscou desempenha um papel fundamental no financiamento do conflito contra a Ucrânia

Os Estados Unidos estão reforçando as restrições a um dos principais pilares da economia russa: o setor de energia. Em um movimento coordenado com o Reino Unido, o governo americano anunciou na última sexta-feira (10) novas sanções que visam fragilizar ainda mais a indústria petrolífera da Rússia, que tem sido fundamental para o financiamento da guerra contra a Ucrânia. As informações são do Business Insider.

Entre as medidas, está o bloqueio de duas das maiores produtoras de petróleo do país, a Gazprom Neft e a Surgutneftegas, além de sanções a suas subsidiárias. O Departamento do Tesouro também incluiu na lista negra 183 petroleiros associados ao comércio de petróleo russo, incluindo navios da chamada “frota sombra” — embarcações que operam de maneira clandestina para evitar as restrições impostas pela comunidade internacional.

Posto de gasolina Gazprom Neft em Bishkek, Quirguistão (Foto: WikiCommons)

A Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, destacou a importância das novas medidas. “Os Estados Unidos estão tomando ações radicais contra a principal fonte de renda da Rússia para financiar sua guerra brutal e ilegal contra a Ucrânia. Com as ações de hoje, estamos aumentando os riscos de sanções para o comércio de petróleo russo, incluindo transporte e facilitação financeira”, afirmou.

As medidas também atingem comerciantes suspeitos de envolvimento no mercado de petróleo russo, prestadores de serviços para campos petrolíferos e executivos de empresas energéticas do país. A intencionalidade é clara: desestabilizar um setor que, sozinho, responde por uma parte significativa do orçamento russo. Segundo estimativas de setembro da Reuters, receitas de petróleo e gás devem compor cerca de 27% da arrecadação federal da Rússia em 2025.

Impactos nas finanças russas

Desde os primeiros dias da guerra, o Ocidente tem mirado no comércio de energia da Rússia, buscando reduzir sua capacidade de financiar o conflito. Políticas como o teto de preço de US$ 60 para o barril de petróleo russo já demonstram impactos significativos. Em 2023, a receita total de energia da Rússia caiu cerca de 25%, de acordo com o Ministério das Finanças do país. A tendência é de que essa receita continue em declínio até pelo menos 2027, conforme apontam projeções orçamentárias.

Analistas acreditam que as sanções estão levando a economia russa a um ponto crítico. Há comparações com o declínio da União Soviética, com especialistas prevendo um período de estagnação econômica que pode intensificar as pressões internas contra a guerra. Um think tank baseado em Washington, sugere que o impacto acumulado das restrições pode ser suficiente para forçar o fim do conflito ainda este ano.

Reação internacional

As novas sanções são vistas como parte de uma estratégia mais ampla para isolar a Rússia economicamente. Além dos Estados Unidos e do Reino Unido, outros países do G7 já adotaram medidas semelhantes, sinalizando um compromisso conjunto em enfraquecer a capacidade financeira do governo russo. A resposta de Moscou ainda é incerta, mas analistas apontam que a dependência do país de suas exportações energéticas limita suas opções de retaliação.

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