O governo norte-americano encaminhou um acordo para entregar à Ucrânia um novo armamento de longo alcance capaz de atingir áreas do território russo distantes da linha de frente, o que poderia mudar o cenário da guerra. As informações são da agência Reuters.
Três fontes com conhecimento das negociações dizem que estão adiantadas as tratativas para entregar a Kiev o Míssil Conjunto Ar-Superfície (JASSM, na sigla em inglês). Entretanto, ainda é necessário resolver uma série de questões técnicas, o que deve adiar a entrega por mais alguns meses.
Por se tratar de um sistema de misseis de precisão, seria possível minimizar o impacto sobre os civis, algo crucial para os norte-americanos. Devido à eficiência e ao alcance do sistema, quando em funcionamento, analistas entendem que ele forçaria a Rússia a recuar suas áreas de preparação e depósitos de suprimento, prejudicando a logística militar do país.
Um dos alvos que estariam ao alcance da Ucrânia com os novos mísseis seria a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014 e onde se localizam importantes instalações navais russas. A ideia é instalar os mísseis nos jatos F-16 fornecidos à Ucrânia e, se for tecnicamente viável, em outras aeronaves que já estejam no arsenal do país.
A revelação surge conforme cresce a pressão para que os EUA e seus aliados ocidentais flexibilizem as regras de uso de armas pela Ucrânia. Josep Borrell, o principal diplomata da União Europeia (UE), foi um a se manifestar nesse sentido na semana passada.
De acordo com o presidente Volodymyr Zelensky, foi a hesitação ocidental em liberar o uso de armas de longo alcance que forçou suas tropas a invadirem a Rússia. “Se nossos parceiros suspendessem as restrições atuais ao uso de armas em território russo, não precisaríamos entrar fisicamente na região de Kursk”, disse ele, de acordo com a agência Reuters.
O presidente chamou de “ingênuo e ilusório” o veto ocidental e disse que os ataques dentro da Rússia se fazem necessários para proteger a população da Ucrânia que vive nas áreas de fronteira. E acrescentou que a operação terrestre é “defensiva” e bem-sucedida, com suas tropas tendo conquistado uma área superior a mil quilômetros no território russo.