Exploração ilegal de madeira gera prejuízo e causa destruição no Suriname

Mais da metade da exportação de madeira do Suriname é ilegal, e perda pode chegar a US$ 122 milhões anuais

A exploração de madeira tem destruído em ritmo acelerado as florestas tropicais do Suriname, e a venda ilegal da commodity gera enorme prejuízo financeiro ao país. É o que aponta matéria investigativa da Deutsche Welle.

Os dados indicam que mais da metade da exploração madeireira no país sul-americano é irregular. Os principais compradores são China e Índia, e as empresas chinesas também dominam as concessões para a extração.

O Suriname produz cerca de um milhão e meio de metros cúbicos de madeira por ano. “A maioria é vendida em sites ilegais, o que torna a compra e venda irrastreável”, diz o jornalista Carl Holm.

As autoridades estão cientes do problema, mas a corrupção prevalece. Ambientalistas teriam descoberto cerca de 100 contêineres com madeira ilegal no ano passado. Ao alertar os funcionários da alfândega, servidores “lacraram e encaminharam para a exportação”, conta Holm.

Exploração ilegal de madeira gera prejuízo e causa destruição no Suriname
Vastidão de florestas tropicais do Suriname, abril de 2010 (Foto: Divulgação/Flickr/James Prosek)

As perdas econômicas pela extração ilegal de madeira podem chegar a US$ 122 milhões por ano – pouco mais de R$ 650 milhões. “O dinheiro vai direto para os cofres dos cartéis criminosos”, relatou o jornalista.

Com altos índices de pobreza, o país sul-americano de 581 mil habitantes terminou 2019 com um PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 3,7 bilhões. A pandemia, agora no terceiro pico, tende a rebaixar a posição do país, que está em 97º lugar no ranking de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

No último dia 10, o chanceler chinês Wang Yi anunciou que a China está disposta a impulsionar as relações com o Suriname. Beijing anunciou que pretende incluir o país no programa Cinturão da Rota da Seda e aprofundar a cooperação em infraestrutura, comunicação e energia.

Sob o ex-presidente Desi Bouterse, o Suriname foi um dos primeiros países latinos a se posicionar em favor do conceito “Uma só China” e negar a independência de Taiwan.

Prejuízo ambiental

O prejuízo ambiental, porém, tende a ser ainda maior que o financeiro. O ativista ambiental Erlan Sleur, da organização ProBios, alertou que as toras capturadas pelas madeireiras chinesas têm mais de 100 anos e estão em áreas remotas e pouco fiscalizadas.

Segundo ele, as autoridades usam drones e imagens de satélite para vistoriar a retirada ilegal, mas controlar os milhões de hectares de floresta tropical do Suriname “é impossível”, classificou Sleur. “Mesmo que descubram a extração ilegal, é difícil agir. A corrupção é endêmica”.

“Os concessionários, pessoas que cortam e despacham a madeira, além das que realizam as inspeções no porto, estão todas envolvidas na cadeia de ilegalidades”, disse o político da oposição do Suriname Angelic del Castilho.

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