Homem é condenado por colar bilhete ameaçador na porta de ex-oficial chinês nos EUA

O caso expõe a controversa "Operação Caça à Raposa", que busca repatriar fugitivos para a China

Um cidadão chinês foi sentenciado na quarta-feira (22) a 16 meses de prisão por sua participação em uma campanha de intimidação que, segundo autoridades americanas, foi promovida por Beijing contra expatriados. O caso trouxe à tona as alegações de que a China tem utilizado estratégias agressivas para perseguir dissidentes e críticos no exterior. As informações são da Associated Press.

Zheng Congying foi condenado em um tribunal federal no Brooklyn, Nova York, junto com outros dois réus, Michael McMahon e Zhu Yong. Os três foram considerados culpados por participarem de uma operação destinada a localizar e pressionar Xu Jin, um ex-oficial do governo chinês acusado de suborno em seu país natal. Xu, que vive em Nova Jersey, nega as acusações.

Bandeiras dos EUA e da China lado a lado (Foto: U.S. Department of Agriculture/Flickr)
Ameaça direta

Zheng foi acusado de ter batido na porta da casa de Xu, circulado pela residência para tentar espiar o interior e deixado um bilhete ameaçador que dizia: “Se você estiver disposto a voltar para o continente e passar 10 anos na prisão, sua esposa e seus filhos ficarão bem. É o fim deste assunto!”. Durante o julgamento, o advogado de Zheng, Paul Goldberger, afirmou que ele mais tarde se arrependeu do ato e tentou recuperar a mensagem.

Os promotores, porém, sugeriram que Zheng pode ter retornado à casa de Xu apenas para confirmar se o bilhete havia sido recebido. Zheng foi condenado por perseguição e conspiração para perseguição, mas absolvido de outras acusações.

Campanha global de perseguição

As autoridades dos Estados Unidos alegam que o caso é parte de uma campanha maior conhecida como “Operação Caça à Raposa”, promovida por Beijing. Segundo os promotores, essa iniciativa visa localizar e pressionar fugitivos chineses a retornarem ao país para enfrentar acusações criminais. No entanto, o governo chinês insiste que a operação tem como objetivo combater a corrupção e responsabilizar indivíduos que escaparam da justiça.

Os advogados dos três réus argumentaram que seus clientes acreditavam estar trabalhando para uma empresa privada ou para indivíduos, e não diretamente para o governo chinês. Apesar disso, o tribunal considerou que suas ações faziam parte de um esforço coordenado para intimidar Xu Jin e coagi-lo a retornar à China.

Sentenças dos envolvidos

Zhu Yong, outro réu no caso, foi sentenciado na semana passada a dois anos de prisão. Michael McMahon, um ex-sargento da polícia dos EUA, aguarda sua sentença, prevista para o final do inverno. Além dos três condenados, outras três pessoas se declararam culpadas, enquanto cinco acusados permanecem na China e não compareceram ao tribunal.

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