Após uma reunião de três horas com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou nesta segunda-feira (19) que Israel aceitou uma proposta para resolver as questões que impedem um cessar-fogo e a liberação de reféns em Gaza. Ele também pediu ao Hamas que adote a mesma postura, sem comentar se a proposta abordava as preocupações do grupo militante. As informações são da agência Associated Press.
Blinken informou que, após uma “reunião produtiva com Netanyahu”, Israel apoiou a proposta de ponte, e o próximo passo seria obter a aceitação do Hamas.
Ele não especificou se a chamada proposta de ponte atendia às exigências de Israel para o controle de dois corredores estratégicos em Gaza, algo que o Hamas considerou impraticável, ou se abordava outras questões que complicam as negociações há bastante tempo.

A proposta sugere que, em três etapas, o Hamas libertaria todos os reféns capturados em 7 de outubro, e em troca, Israel retiraria suas forças de Gaza e libertaria prisioneiros palestinos.
O Hamas acusa Israel de adicionar novas condições, como manter uma presença militar ao longo da fronteira com o Egito para impedir o contrabando de armas e em uma linha interna para monitorar palestinos retornando ao norte. Israel, no entanto, afirma que essas não são novas exigências, mas apenas esclarecimentos de uma proposta anterior.
O principal diplomata norte-americano havia dito antes que é essencial fechar um acordo de cessar-fogo em Gaza, que resultaria na liberação dos reféns do Hamas e aliviaria o sofrimento dos palestinos, depois de mais de 10 meses de combates na região. Ele também já havia dito que a última tentativa de acordo era provavelmente a melhor e possivelmente a última oportunidade, e pediu a ambos os lados que chegassem a um acordo, segundo a Reuters.
Embora os EUA e o gabinete de Netanyahu tenham mostrado otimismo e descrito a reunião como positiva, tanto Israel quanto o Hamas indicaram que será difícil chegar a um acordo.
Sinal disso é que, com o grupo islâmico palestino voltando a realizar ataques suicidas em Israel e médicos relatando que os ataques israelenses mataram pelo menos 30 palestinos na Faixa de Gaza na segunda-feira, há poucos sinais de reconciliação.
Em Tel Aviv, o presidente israelense Isaac Herzog agradeceu a Blinken pelo apoio do governo Biden a Israel e comentou os recentes ataques contra israelenses nas últimas 24 horas.
“É assim que vivemos atualmente”, afirmou Herzog. “Estamos cercados por terrorismo de todos os lados e lutamos como uma nação resiliente e forte”.
No domingo, o Hamas acusou Netanyahu de “frustrar os esforços dos mediadores”, enquanto a Turquia afirmou que representantes do Hamas alegaram que as autoridades americanas estavam “pintando um quadro excessivamente otimista”. Meses de negociações intermitentes trataram das mesmas questões, com Israel afirmando que a guerra só pode terminar com a destruição do Hamas como força militar e política, e o Hamas insistindo em um cessar-fogo permanente, não apenas temporário.
A nona visita de Blinken ao Oriente Médio seguiu o otimismo dos mediadores sobre um possível acordo. No entanto, o Hamas se mostrou insatisfeito com a proposta recente, e Israel indicou que não está disposto a ceder em alguns pontos.
A atual guerra em Gaza começou em 7 de outubro do ano passado, quando militantes do Hamas atravessaram a fronteira e atacaram comunidades israelenses, matando cerca de 1,2 mil pessoas e sequestrando aproximadamente 250 reféns, segundo números israelenses.