Durante uma reunião na Alemanha na quinta-feira (9), ministros da defesa da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) expressaram dúvidas sobre a viabilidade da proposta do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que sugere que os países-membros aumentem seus gastos com defesa para 5% do Produto Interno Bruto (PIB). As informações são da Radio Free Europe.
A proposta foi mencionada por Trump em uma coletiva de imprensa na última terça (7), onde ele defendeu que os aliados europeus deveriam arcar com uma parcela maior dos custos de defesa. “Deveria ser 5%, não 2%. Por que estamos gastando bilhões de dólares a mais do que a Europa?”, questionou o presidente eleito, enfatizando que Washington já destinou 3,38% de seu PIB à defesa, mais de 60% do total de gastos da aliança.
No entanto, ministros europeus argumentaram que os percentuais não são o principal indicador de eficácia. Boris Pistorius, ministro da Defesa alemão, destacou que 5% do PIB alemão corresponderiam a cerca de 40% do orçamento federal, um esforço que seria insustentável para a maior economia europeia. “O que importa não é o percentual, mas garantir que as metas de capacidade da Otan sejam alcançadas”, declarou.

Outros membros da aliança também demonstraram resistência. Hanno Pevkur, ministro da Defesa da Estônia, afirmou que os Estados Unidos deveriam liderar pelo exemplo se desejam aumentar os gastos para 5%, acrescentando que isso aumentaria para US$ 1,5 trilhão.
Enquanto isso, a Letônia anunciou planos de elevar seu orçamento de defesa para 3,7% do PIB em 2024 e 4% no futuro. O ministro letão, Andris Spruds, lembrou que durante a Guerra Fria os gastos médios em defesa estavam na casa dos 4%, defendendo uma abordagem mais alinhada aos desafios globais atuais.
A proposta de Trump surge em um contexto de tensões crescentes na Europa e no mundo, especialmente devido à guerra na Ucrânia. Desde a invasão russa, a Otan tem reforçado seus compromissos de segurança coletiva. Em julho, 23 de seus 32 membros já haviam atingindo a meta atual de 2% do PIB em gastos com defesa, um marco inédito para algumas economias importantes, como Holanda, Alemanha e Noruega.
Ainda assim, a sugestão de aumentar os gastos para 5% enfrenta obstáculos significativos. De acordo com a reportagem, o consenso entre os 32 países-membros será difícil, e os custos associados podem gerar repercussões econômicas e políticas dentro de cada nação.
Nesse cenário, a presidência de Trump, que se inicia em 20 de janeiro, promete trazer debates intensos sobre o futuro da aliança e o papel de Washington na segurança global.