Mulheres e meninas são as mais atingidas pela violência de gangues no Haiti

Há casos de estupro registrados até contra meninas de nove anos de idade, um crime usado como arma de terror pelas facções

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) disse nesta quarta-feira (17) que o acesso a serviços essenciais no Haiti é cada vez mais difícil. O problema é fruto da atuação de gangues criminosas, que praticam sequestros, estupros e até assassinatos, também destruindo instalações e forçando muitos haitianos a fugir de casa. As principais vítimas são do sexo feminino.

Os maiores desafios incluem a oferta de cuidados básicos de saúde sexual e reprodutiva, além do combate à ameaça a mulheres e meninas. São muitos os casos registrados de sobreviventes de violência sexual, com a necessidade de atender ainda cerca de 85 mil mulheres grávidas. Destas, por volta de 30 mil esperam dar à luz nos próximos três meses. 

Entre as vítimas de estupros cometidos pelas gangues estão meninas de até nove anos de idade. De acordo com a agência da ONU, o estupro está sendo usado como arma de terror e vingança em bairros controlados por facções rivais.

Haitianos fogem da polícia em protestos contra o governo em Porto Príncipe, novembro de 2020 (Foto: WikiCommons/Al-Jazeera)

Devido à crise no Haiti, mais de 4,9 milhões de pessoas já buscaram assistência, incluindo cerca de 1,3 milhão de mulheres em idade reprodutiva. 

As demandas humanitárias aumentam no mesmo ritmo que os níveis de violência na capital Porto Príncipe. Situação ainda mais difícil porque muitos serviços essenciais e instalações de saúde foram danificados ou destruídos após o terremoto do ano passado. 

A extrema instabilidade levou pelo menos 17 mil residentes a abandonar suas casas nos últimos meses para buscar abrigo em acampamentos improvisados ou casa de familiares.

Centros de ajuda

O UNFPA apoia os sobreviventes de violência de gênero que procuram assistência legal, psicossocial e médica.  Um grupo dedicado presta apoio na distribuição de suprimentos de saúde e lâmpadas solares para deslocados. A ajuda inclui a evacuação de grávidas em casos de emergência por complicações obstétricas ou recém-nascidos.

A agência entregou centenas de kits de dignidade e maternidade suficientes para três meses em quatro locais de deslocamento de Porto Príncipe, tendo como destinatárias mulheres e meninas que fugiram de suas casas de mãos vazias. 

Oito clínicas móveis oferecem serviços de saúde sexual e reprodutiva em áreas inacessíveis, reforçando os centros de saúde locais. 

Ativistas comunitários são capacitados para aumentar a consciência sobre riscos e medidas de proteção contra a violência de gênero, bem como a oferta de serviços de saúde e espaços seguros de recuperação.

Além da resposta imediata aos casos registrados, a entidade da ONU quer ampliar a atuação para conter a gravidez indesejada, as mortes maternas e promover a proteção dos alvos da violência sexual.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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