Mais de 430 navios chineses operam fora dos radares nas águas da Argentina desde 2018, apontou o mais recente relatório da organização ambiental Oceana, lançado na última quarta (2). A principal suspeita é de pesca ilegal.
A análise do Sistema de Identificação Automática, usado para o controle do tráfego marítimo, apontou que mais da metade dos navios estrangeiros que pescam perto da Argentina desativaram o rastreamento e ocultaram suas atividades entre janeiro de 2018 e abril de 2021.
Pelo menos 66% das cerca de 800 embarcações detectadas são chinesas, diz o estudo. A frota asiática registrou quase 900 mil horas de atividade de pesca visível dentro de 20 milhas náuticas. As embarcações “escureceram” em mais de 6,2 mil “eventos de lacuna” – quando o sistema fica desligado por pelo menos 24 horas.

“Por que desligaram se estão fazendo algo legal?”, questionou a vice-presidente adjunta da Oceana nos EUA, Beth Lowell, em entrevista ao jornal “South China Morning Post”, de Hong Kong. “Eles devem manter [o sistema] ativado para que o mundo possa ver o que está acontecendo”.
A operação dos navios chineses na Argentina é “potencialmente ilegal, não declarada e não regulamentada”, diz a organização. O país latino contribui com a metade da maior pesca de lula global.
Lacunas
Além da China, as lacunas deixadas nas águas argentinas vêm de navios com bandeiras de Espanha, Coreia do Sul e Taiwan. Os navios da Argentina, por sua vez, realizaram menos de 1% do total da pesca.
Navios chineses têm convergido nas águas dos países latinos como Argentina e Equador. Em julho, a Marinha equatoriana descobriu uma enorme frota de cerca de 260 navios pesqueiros, em sua maioria de bandeira chinesa, próximos às Ilhas Galápagos.
O local fica depois de uma zona econômica exclusiva ao redor do arquipélago, cuja gigantesca biodiversidade inspirou a teoria da evolução de Charles Darwin.